terça-feira, 23 de junho de 2015

“Sunergontes – 2Co 6.1”

1635539_origHá uma anedota que fala da diferença entre os principais ingredientes de uma boa omelete de bacon com ovos; A galinha apenas COLABOROU ̸ ENVOLVEU-SE, pois deu os ovos, mas o porco COOPEROU ̸ COMPROMETEU-SE, pois teve que dar sua Vida.

No texto de 2 Coríntios 6.1 lemos; “E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus” (2Co 6.1). A palavra no texto grego para Cooperadores é Sunergontes. Paulo fala, portanto, na qualidade de Sunergonte ̸ Cooperador de Cristo. Cooperar é ‘atuar junto com...’ é uma atitude comprometida e cooperativa. Paulo, na condição de ‘porco comprometido com a omelete’ faz o apelo aos Colaboradores ̸ Envolvidos da cidade de Corinto; Não deixem que a Graça de Deus – aquilo que vocês receberam gratuitamente - fique sem proveito. Não joguem fora nem tratem como coisa de pouco valor aquilo que, de mais precioso, vocês receberam de Deus.

Observe que Paulo não os está ‘expulsando do reino de Deus’. Ele não os condena, mas pede que também eles, como cristãos maduros, sejam ‘Sunergontes’.

Infelizmente, na Cidade de Corinto, assim como em qualquer lugar, há cristãos que fazem pouco caso da Graça recebida de Deus. Estes sempre estão pouco envolvidos com o reino de Deus e, muitas vezes, tratam o gracioso presente do perdão dos pecados conquistados por Cristo na Cruz como coisa de pouco valor. Não é isso o que Deus espera. Ele quer que sejamos cooperadores.

Quando você está no supermercado e você ouve pelo sistema de som; ‘Atenção colaborador Rogério, favor dirigir-se ao balcão central. Colabor Rogério favor dirigir-se ao balcão central’. Quem é esse Colaborador? Nada mais do que empregados do estabelecimento que trabalham apensas pelo salário no fim do mês. Um Colaborador não é dono do negócio e nem é herdeiro da empresa. Por outro lado, um Cooperado pode dizer que é coproprietário da empresa em que trabalha. O Cooperado é herdeiro da empresa junto como todos os demais Cooperadores pois ele coopera para um crescimento conjunto com todos. Em João 8.35 lemos; “O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre”. Em outras palavras; ‘O colaborador ̸ empregado não fica sempre na casa; o cooperado ̸ filho, sim, para sempre’.

Vamos usar essa nomenclatura para compreendermos melhor algumas questões que envolvem o trabalho no de Colaboradores e Cooperadores no reino de Deus;

Aquele que é apenas Colaborador, em geral, espera para receber Pães e Peixes prontinhos em um prato; Ele também não quer perder os privilégios e benefícios oferecidos pela Igreja, pois é só por isso que ele se envolve... Mas o Cooperador, não fica esperando receber Pães e Peixes em um prato. Ele sai da comodidade e ajuda a Pescar; Ele não espera receber os privilégios da Igreja, mas, consciente de que ele também é parte do Corpo de Cristo, faz de tudo para ser um agente de ação dentro e fora do âmbito da Igreja; Ele busca saber e ajudar para que todos os benefícios e privilégios da Igreja sejam mantidos...

Quanto a isso, Paulo escreve aos Filipenses; “Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros” (Fp 2.2-4). Se seguirmos esses conselhos de Paulo, a Graça que nos foi dada, não será em vão.

Outros aspectos também ajudam a compreender a diferença entre Colaboradores e Cooperadores: O Colaborador que apenas se envolve, é o que reclama e murmura por qualquer coisa; Ele sonha com a igreja ideal; Pede que os outros orem por ele; Quando solicitado, responde ‘talvez’; E, como bom Colaborador ele entrega parte do seu dinheiro como oferta... Mas aquele que se compromete, o Cooperador, obedece, nega-se a si mesmo e procura estimular os outros; Ele ora pelos outros; Quando solicitado, responde ‘eis-me aqui’; Ele não apenas sonha com a igreja ideal, mas se entrega de corpo e alma para fazer uma igreja real; O Cooperador não apenas entrega parte de seu dinheiro como oferta, ele entrega toda a sua vida...

A esse respeito escreve o Apóstolo; “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus” (Rm 12.1).

Há ainda muitas outras diferenças entre Colaboradores e Cooperadores;

Um Colaborador que, como a galinha, apenas se envolve, é dependente dos afagos e do cuidado do pastor; ele precisa ser carregado no colo; Ele gosta e precisa ser elogiado pelo que faz, mas, na maioria das vezes, espera que alguém lhe diga o que deve fazer... Mas um Cooperador, que como o porco, se compromete, está determinado a servir; Ele não é como a ovelha Manhosa; Ele vê o que precisa ser feito, vai e faz; E quando sua Igreja não está presente, ele cria um ambiente propício, e como verdadeiro discípulo, semeia ali onde ele está, as sementes do reino de Deus...

Cristo afirmou; “... Se alguém quer ser meu seguidor, esqueça os seus próprios interesses (a si mesmo se negue), esteja pronto para morrer como eu vou morrer (tome a sua cruz) e me acompanhe” (Mt 16.24-25).

Colaboradores e Cooperadores de Jesus! Deixem que a Graça de Deus - sua infinita misericórdia, amor e perdão – os impulsione a oferecer não apenas migalhas, mas o seu corpo e a sua vida por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Assim Deus, por meio de seu Espírito Santo, os transformará para que vocês conheçam qual é a perfeita vontade de Deus - aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele. Fiquem atentos para que vocês não recebam em vão a Graça de Deus (2Co 6.1).

Uma boa Omelete de Ovos e Bacon requer a Colaboração ̸ Envolvimento da galinha. Mas do Porco, requer a Cooperação ̸ Comprometimento.

O Reino de Deus precisa de Colaborador envolvidos, mas principalmente de Cooperadores comprometidos.

Se você tem sido apenas um Colaborador, Deus o convida a ser um Cooperador.

Ah, eu ia me esquecendo...

à As Vantagens de ser um Colaborador são que, como ele apenas se envolve, ele é um empregado e recebe os benefícios de ser colaborador enquanto o Cooperador é um servo.

à Ser um Colaborador nos dá o direito a uma confortável almofada enquanto o Cooperador tem apenas o “direito” a carregar uma Cruz.

à As vantagens de ser um Cooperador... Bom sobre essas deixe que Jesus mesmo fale; “A vocês (DISCÍPULOS ̸ Cooperadores) Deus mostra os segredos do Reino do Céu, mas, a eles (SEGUIDORES ̸ Colaboradores), não. Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado” (Mt 13.11-12). E ainda; “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á” (Mt 16.24).

A Graça do perdão gratuito de Deus e de sua misericórdia é para Colaboradores e Cooperadores. Portanto; “não deixem que fique sem proveito, (nem que sejas em vão) a graça de Deus, a qual vocês receberam” (2Co 6.1).

Que sejamos sempre mais Sunergontes.

sábado, 6 de junho de 2015

Propina [não] é a regra do jogo

subornoNo mês passado, o lobista Julio Gerin Camargo confirmou em depoimento à Justiça Federal que pagou propina a diretores da Petrobras. Segundo ele, essa era a “regra do jogo”.

Parece que essa também era a regra na Fifa.

Propina, aliás, é regra antiga. Insinuada, infiltrada e impregnada na sociedade humana desde a queda em pecado. Regra que, há milênios, anda de mãos dadas com o suborno, com filiação idêntica: o próprio diabo.

Já no Antigo Testamento lemos, por exemplo, que os filhos do grande profeta e líder Samuel “se tornaram gananciosos, aceitavam suborno e pervertiam a justiça” (1 Samuel 8.3). O profeta Miqueias, oitavo século antes de Jesus, também denunciava: “Ouçam, vocês, governantes... Vocês arrancam a pele do meu povo e a carne dos seus ossos. Seus líderes julgam sob suborno, seus sacerdotes ensinam visando lucro, e seus profetas adivinham em troca de prata” (Miqueias 3.1-2,11). E o profeta Ezequiel, lá pelo ano 600 a.C., também falou de propina, suborno e extorsão (Ezequiel 22.12).

Cenário conhecido? Pior: parece que cada vez mais a propina vem fazendo parte do dia a dia. Isso acontece porque a propina é uma tentação muito mais próxima do que podemos imaginar. Ela não está apenas nos noticiários, nos contratos ou na proposta de terceiros: ela está dentro do coração humano, no desejo pecaminoso de se dar bem, de obter vantagem, de ter mais bens. Não é à toa, portanto, que a propina invade governos, empresas, igrejas e até mesmo a relação com Deus.

Sabe quando você ajuda alguém com a intenção de ser ajudado depois? Ou quando “lembra” alguém acerca de uma benfeitoria que você fez? Sabe aquela prática de oferecer cura em troca de dinheiro? Sabe aquela manipulação da fé de pessoas simples que oferece prosperidade em troca de boletos pagos? Sabe aquela oração pedindo perdão sem a sinceridade de tentar fazer melhor da próxima vez, como se o formalismo ritual fosse dobrar a Deus? Sabe aquele grande anseio por bênção nos projetos pessoais, mesmo que isso traga prejuízo para o outro? Sabe aquele sentimento (que teima em vir à mente) de que você é merecedor de que Deus o abençoe porque você é bom pai, esposo fiel e trabalhador responsável?

Tudo propina.

Você pensa em se dar bem por ter feito algo. Seja com Deus ou com alguma pessoa.

Jesus falou sobre um cidadão que tentava dobrar Deus à base de propina: “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros... Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho” (Lucas 18.11-12). É como se o camarada perguntasse: “Deus, estás ciente de tudo o que faço por ti? Estás anotando direitinho?”

Não custa lembrar: com Deus, a regra é outra – “o Senhor, o seu Deus, é o Deus dos deuses e o Soberano dos soberanos, o grande Deus, poderoso e temível, que não age com parcialidade nem aceita suborno” (Deuteronômio 10.17).

Ele, que não julga com parcialidade nem aceita suborno, oferece gratuitamente o que a propina (seja ela de que tipo for) não pode comprar: a salvação. Tudo porque Jesus pagou. Não caiu em corrupção e, para pagar a nossa, entregou a própria vida na cruz.

Confessar e abandonar a propina, aceitar o perdão gratuito e viver contente: essa é a regra do jogo de Deus.

P. Júlio Jandt