sábado, 20 de dezembro de 2014

Teste de Natal

Para este artigo, vamos fazer um pequeno teste, combinado?

1. Diga o nome das cinco pessoas mais ricas do mundo.

2. Diga o nome dos últimos cinco ganhadores do prêmio Nobel da Paz.

3. Agora diga o nome das três últimas vencedoras do concurso para Miss Universo.

4. Dê o nome de dez ganhadores de medalhas de ouro nas últimas Olimpíadas.

5. E, para terminar, diga os últimos doze ganhadores do Oscar.

Como foi? Difícil? Imagino que sim.

E olha que não são pessoas anônimas. São famosas, ganhadoras de prêmios.

Sabe por que o teste pareceu tão difícil?

Porque o aplauso morre, prêmios envelhecem, grandes acontecimentos são esquecidos.

Posso sugerir um outro teste? Sem pegadinha, é sério.

1. Escreva o nome de cinco professores que você gostou.

2. Pense em cinco pessoas que lhe ensinaram alguma coisa valiosa.

3. Lembre três amigos que ajudaram você em momentos difíceis.

4. Pense em dez pessoas que fizeram você se sentir amado e especial.

5. Pense em doze pessoas com quem você gosta de estar.

Mais fácil este? Imagino que sim.

Sabe por quê? Simples: porque as pessoas que fazem diferença nas nossas vidas não são as que têm mais dinheiro, prêmios ou credenciais.

As pessoas mais importantes da nossa vida são as que se importam conosco.

É exatamente por este motivo que o Natal deveria ser tão comemorado. Não pelo dinheiro, 13º, presentes, viagens ou ceias.

O [verdadeiro] Natal deveria ser tão comemorado porque ele faz diferença: ele conta a história de alguém que se importou conosco. Mais do que isso, no Natal não só ouvimos falar de alguém que se importou conosco – no Natal nósrecebemos Aquele que se importou conosco.

Aliás, é exatamente isso o que chamamos de “espírito natalino”: o sentimentoespirituoso (alegre) pelo dia natalício (nascimento) de alguém. Percebeu? Espirituoso... natalício... Temos um espírito alegre porque alguém nasceu para nós.

Esse alguém se importou tanto conosco que nasceu para que pudéssemos nascer de novo. Fez-se pobre para que pudéssemos ser ricos. Fez-se servo, para que pudéssemos ser filhos. Teve sede para que pudéssemos ser saciados com a água da vida. Foi abandonado para que pudéssemos ser adotados. Foi feito pecado, para que fôssemos tornados santos. Morreu para que pudéssemos viver.

Isso faz sentido para você? Faz sentido que você tem um Deus que se importou a tal ponto que se humilhou para que você fosse salvo? Faz sentido que, sem Jesus, você é um pecador perdido e condenado, e que, com Ele, você é um rico e bendito filho de Deus?

Se faz, então não importa muito o dinheiro, os presentes, a Ceia ou as viagens.

Natal é mesmo importante porque nele sentimos na pele e no coração que Deus se importa conosco.

As pessoas mais importantes da nossa vida são aquelas que se importam conosco. E o Natal nos ensina que Jesus, o Deus-homem-conosco, está no topo desta lista.

No teste de Natal, Jesus é sempre o mais importante e o que mais se importa. Disparado.

P. Julio Jandt

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O Natal dos estrangeiros

reis-magosNunca houve tantos refugiados e imigrantes no planeta, gente que foge de seus países de origem, que busca proteção das guerras, perseguições, pobreza, fome, catástrofes e de outras situações de dor. Aproximadamente 175 milhões. Este número assustador tende a crescer e complicar ainda mais a situação nas fronteiras e na vida das grandes cidades. E o Brasil tornou-se porta de salvação a milhares destes sobreviventes: sírios, colombianos, angolanos, congoleses, senegaleses, haitianos e outros. Algumas entidades governamentais, civis e religiosas amenizam o sofrimento desta gente que ainda precisa enfrentar preconceito, indiferença e injustiças, mas a realidade é preocupante - aos menos para aqueles que se importam com a desgraça alheia.

Se o primeiro Natal fosse hoje, o casal do Presépio poderia ser haitiano procurando lugar para passar a noite e a criança divina nascendo sob uma marquise de uma rua cheia de gente ausente, preocupada com as compras e o limite do cartão de crédito. E a estrebaria da indiferença com o infortúnio dos outros provocando tristeza daquele que disse: “Pois eu estava com fome e vocês não me deram comida; estava com sede e não me deram água; era estrangeiro e não me receberam na sua casa” (Mateus 25.42,43). Não é por nada que a Bíblia tanto defende a vida dos que estão longe de casa: Não maltratem os estrangeiros que vivem na terra de vocês (Levíticos 19.33); Deus ama os estrangeiros que vivem entre nós e lhes dá comida e roupa.  Amem esses estrangeiros, pois vocês foram estrangeiros no Egito (Deuteronômio 10.18,19); Maldito seja aquele que não respeitar os direitos dos estrangeiros (Deuteronômio 27.19); O SENHOR protege os estrangeiros que moram em nossa terra (Salmo 146.9); Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e recebam os estrangeiros nas suas casas (Romanos 12.13). E porque devemos ajudar esta gente? A própria Bíblia responde: Lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo (1 Pedro 2.11).

Marcos Schmidt

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Novo Hamburgo, 6 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

“Eis aí vem o teu Rei”

Por Elvio Figur

O Advento revive a vinda de Jesus e as expectativas que cercam o Natal. Nesse tempo de espera, a igreja se renova na expectativa do anuncio; ‘Eis aí vem o teu Rei, manso e humilde sobre o lombo de um jumentinho’.

A igreja se levanta e canta com aqueles que tiveram o privilégio de saudar o ‘rei que vem’ pessoalmente dizendo ‘Hosanas ao Filho de Davi’.

Naquele tempo, toda a Jerusalém se alvoroçou...

Como o mundo de hoje que se alvoroça com tanta facilidade.

hosted2.ap_.org-152É o que acontece por estes dias com a morte do ator Roberto Gómes Bolaños, o intérprete de ‘Chaves’ e do Herói super atrapalhado ‘Chapolin Colorado’.

A internet multiplica essa comoção e esse alvoroço criando nos internautas a sensação ou impressão que, de alguma forma, ele faz parte desse sucesso todo, dessa fama...

O torcedor atleticano que foi ao estádio ver a final da Copa do Brasil no ultimo dia 26 de novembro, por exemplo, vai, por anos seguidos, poder dizer com orgulho ‘Eu estive lá!’; ‘Eu ví o Atlético ser, pela primeira vez, campeão da Copa do Brasil’.

Quem foi ou é fã de ‘Chaves’ ou de ‘Chapolin Colorado’, vai homenagear por anos o ídolo dizendo, talvez; ‘Oh, e agora? Quem poderá me ajudar?’

Ainda que em tom de brincadeira, a pergunta poderá voltar mais tarde quando o médico disser; ‘A situação é grave’. Ou quando o patrão disser; ‘Está despedido’. Ou pior, quando nossa vida estiver perto do fim... ‘Quem poderá nos ajudar?’

Em busca de respostas o mundo se inspira em seus heróis, seus ídolos, ou seu times. E a sensação é; ‘Se eles podem então eu também posso!’

Essa sensação, de querer tudo que se imagina como direito, é pura ilusão. Estar no estádio ou em um show dá a ilusão de que se faz parte da história, do sucesso, ou da vida dos jogadores, clubes, atores ou cantores. Mas, no dia seguinte, ou quando um imprevisto acontece, o que fazer com a ilusão¿ ‘Quem poderá nos ajudar’ quando se fecham as cortinas e termina o espetáculo¿

jesus e a jumentaA multidão que seguia Jesus alvoroçava-se pois tinha naquela figura humilde sobre o jumentinho, uma esperança que poderia alimentar suas ilusões. Eles cantavam Hosanas... Mas parece que se decepcionaram ... Não era o rei que esperavam e, na semana seguinte, certamente muitos daqueles estavam entre aquela outra multidão que gritava ‘Crucifica-o...’

Aquele sujeito sobre o lombo de um jumentinho era aquele herói humilde, meigo, gentil, brando... Um herói que se humilha, enfraquece... Uma espécie de ‘anti-rei’, ou ‘anti-herói’ como os personagens de Bolaños...

Ele é aquele Rei que somente o suspiro de desespero é capaz de aspirar; ‘Lembra-te de mim quando entrares no teu reino’. Assim, sem alvoroço, sem terremotos, sem efeito de luzes...

Essa é a ocasião de real encontro do ser humano com o seu Rei. Um Rei que esvazia-se de toda a glória e autoridade. E só assim os ‘pequeninos’, os fracos e abatidos, podem aproximar-se se medo e com um suspiro de fé; ‘Lembra-te de mim...’ E o Senhor não apenas lembra. Mas ele pode dizer com toda a autoridade; ‘Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’.

Diante da pergunta inevitável; ‘Quem poderá me ajudar’, ouve-se a voz profética que diz; ‘Eis aí vem o teu Rei, Justo e Salvador!’

E não se trata de ilusão. Trata-se de Esperança, Confiança, Fé, Arrependimento, Conversão...

Infelizmente o mundo não reconhece o ‘Reino de Cristo’, e por isso não lhe rende o louvor que só ele merece.

1484e7419554b44ba6bdb3b8c2ec8456Esse mundo até se Alvoroça no período do Natal, mas é um alvoroço Vazio, Ilusório... Falta-lhe o essencial. Falta-lhe colocar-se ao lado do malfeitor na Cruz, esperar confiante pela resposta de nosso herói ao suspiro de desespero e confiança; ‘Lembra-te de mim...’

Falta-lhe reconhecer sua dependência e deixar de lado o orgulho para ouvir a voz que anuncia; ‘Eis aí vem o teu Rei!’

O advento Revive a encarnação do Verbo divino. E nesse tempo de espera, a igreja se alegra e se renova na expectativa do anuncio; ‘Eis aí vem o teu Rei, justo e Salvador!’ E ela faz isso ‘Vivendo e anunciando o que o Senhor tem feito na Vida, a partir da Graça de Deus!’

‘Eis aí vem o teu Rei!’ Esse é o anuncio que a igreja faz ao mundo que jaz perdido em seu alvoroço natalino carregado de ilusões.

FICA A DICA: NÃO FUI EU!

aaa     É incrível como não sabemos lidar com a culpa. Ela tortura, pesa e massacra. Mesmo assim, preferimos anestesia-la com morfina barata: “não fui eu”. A culpa é quase sempre do outro. Se briguei é porque a outra pessoa estava errada, se o casamento não deu certo é porque a esposa estava errada, se não gosto de louvar a Deus e ouvir sua Palavra no culto é porque os bancos são duros, se fui mal na escola é porque a professora é chata. Sempre a culpa é do outro. A morfina barata tenta fazer adormecer a consciência que berra e atormenta.

    Não fui eu, foi ele. Exatamente assim começou a vida depois da primeira desobediência a Deus. Depois de tentar se esconder de Deus por ter caído em pecado, Adão foi questionado pelo Senhor: “Por acaso você comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer?” (Gênesis 3.11). Se banhando nesta morfina barata, Adão logo responde: “A mulher que me deste para ser a minha companheira me deu a fruta, e eu comi” (Genesis 3.12). Não fui eu, foi ela. Grande Adão! Mas não para por aí. Deus também perguntou à mulher porque ela desobedeceu. E adivinha se a Eva assumiu a culpa? “A cobra me enganou e eu comi” (Gênesis 3.13). Também não fui eu! Grande Eva! Se embebedou com a morfina barata que tenta aliviar a consciência!

    A humanidade não sabe lidar com a culpa. Eu não sei. Você não sabe. É fácil viciar-se na morfina barata de apenas dizer “não fui eu”. Mas eu gostaria de lhe oferecer um bálsamo verdadeiro, não uma morfina barata: “E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu” (Isaías 53.4-5). Jesus. Ele assumiu a minha culpa, a sua culpa. Pagou por ela. Morreu e ressuscitou. Garantiu perdão ao arrependido. Ensinou a olhar a culpa de frente e dizer: “Fui eu. Me perdoe”. Dizer isto ao próximo. Dizer isto a Deus!

    Então fica a dica: eu e você não sabemos lidar com a culpa. É difícil enfrentar e confessar este sentimento. Fácil é dizer “não fui eu”. Aliás, até mesmo autoridades políticas do nosso Brasil adoram esta morfina barata chamada “não sei de nada”. Deixe sua culpa ser tratada pelo bálsamo da Vida: Jesus. Nele há perdão e recomeço. Nele aprendemos a enfrentar a culpa. Pedir perdão e perdoar. Esta é a fé cristã!

Pastor Bruno A. Krüger Serves - Congregação Evangélica Luterana Cristo, Candelária-RS

Barganha na política e na religião

1643Duas frases são usadas para descrever a barganha. Uma delas diz: “É dando que se recebe”. A outra: “Toma lá da cá” A primeira faz parte da oração de São Francisco de Assis. Tem um tom mais bonito, religioso e até mesmo generoso. A segunda já revela algo mais explosivo, mas vingativo, desordeiro.

Estas duas expressões foram usadas para descrever a atitude da base aliada no congresso, que afirmou que aprovaria algumas emendas, somente se fosse aprovado a diminuição da expectativa de superávit primário, aparentemente para fazer de conta que as coisas não estão tão mal. Indiretamente eles dizem que somente vão aprovar outras leis de interesses gerais, se esta primeira for aprovada. Ou seja: um “toma lá, da cá”; ou “é dando que se recebe”. Nada de novo quando o assunto é políticagem, com seus meandros e interesses.

Porém, apesar de dolorido, preciso lembrar que no relacionamento com Deus, muitas pessoas e inclusive aqueles que se intitulam religiosos ou mestres, igualmente trabalham neste sentido. Usam a lógica humana para regimentar a relação e inclusive a ação de Deus. Então, baseados nesta filosofia, orientam cerimônias e esquemas para acalmar a divindade, uma oferta aqui, um sacrifício lá, uma promessinha ali, uma doação acolá, como se Deus precisasse dos nossos favores, ou como se fosse um menino dengoso que só ajuda quando ajudado.

Pois leiam o que está escrito em Is (1.11-13): O Senhor diz: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; (...) pois os pecados de vocês estragam tudo isso. (Is 1.11-13).

Deus não age por meio de barganha, mas por meio da sua graça (Ef 2.8-9). A graça é um diferencial divino. Não é a toa que se diz que errar é humano, mas que perdoar é divino! Deus age não motivado pelo poder de barganha, não é motivado pelo que o homem fez ou deixou de fazer. Ele é motivado pelo seu amor incondicional. E o amor é exatamente o modo pelo qual ele deseja que nos relacionemos. Nossa relação com Deus deve ser por meio da fé ativa no amor. (Gl 5.6).

Mas como podemos amar a Deus? O único jeito de amar verdadeira e concretamente a Deus é amando as pessoas em suas necessidades. (1 Jo 4.20) Neste momento não deve prevalecer um “toma lá da cá”, nem um “dando que se recebe”, mas muito antes, a frase atribuída a Jesus ao dizer: “melhor é dar do que receber!” (At 10.35).

Na perspectiva com Deus, funcionaria uma lógica inversa as frases iniciais. Isto é, antes de dizer, “é dando que se recebe”, valeria bem mais dizer: “é recebendo, que se aprende a dar” – pois efetivamente “nós amamos porque Deus nos amou primeiro!” (1 Jo 4.19).

Pastor Ismar L. Pinz

Comunidade Luterana Cristo Redentor

Pelotas, RS

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Desce. E sobe

Pastor Júlio Jandt


IMG_2179-2Um homem morreu após cair do quinto andar de um prédio em São Paulo. Ele e um colega (que ficou pendurado em uma janela) estavam pichando as paredes do edifício. Eles tentavam subir até o 7º andar.

Sabe por quê? Porque era onde ainda não havia pichação. Não tinha graça pichar o 1º, o 2º e nem mesmo o 6º andar. Ali outros já haviam chegado. Era preciso colocar o nome num lugar ainda mais alto.

Lembrei na hora da torre de Babel, com a diferença de que, nela, a ambição era ainda maior que o 7º andar sem pichação: era o próprio céu – “Agora vamos construir uma cidade que tenha uma torre que chegue até o céu. Assim ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo inteiro” (Gênesis 11.4).

Observe que esse projeto humano tinha dois motivos: “ficar famoso” (o velho problema do orgulho ambicioso) e “não ser espalhado pela terra” (uma afronta e um desafio a Deus depois do dilúvio – “E agora, Deus, vai conseguir nos espalhar? Vai mandar chuva? Tudo bem, a gente sobe na nossa torre!”).

Deu no que deu. Deus confundiu a língua deles e, desunidos e dispersos, interromperam a construção da torre. Sempre que o homem sempre tentou subir, Deus o fez descer.

Ninguém chega ao céu subindo uma escada de boas ações, ganhando créditos com Deus por ajudar outros ou mostrando que é capaz – com Deus não existe meritocracia ou competência. A ambição humana e a falta de uma linguagem sábia sempre interromperão os planos.

Em uma era que se sobe à lua e se alcança patamares nunca antes perscrutados, a tentação permanece: queremos subir, chegar ao céu e – por que não? – ser deuses. Aliás, esta foi a primeira ambição humana, ofertada pelo diabo-em-pele-de-cobra para Adão e Eva (Gênesis 3.4-5). Uma ambição que reside em nós e se manifesta diariamente, quando nos consideramos juízes sobre outros e nos julgamos merecedores do que Deus tem a dar.

Então vamos subindo, dia a dia, as escadas da arrogância e da autossuficiência, talvez para limites nunca antes galgados.

E tudo vai bem até o dia em que caímos ou quando as nossas construções humanas mostram-se vulneráveis, insensatas e improdutivas.

Aí Deus mostra o jeito certo de chegar lá em cima onde Ele está. E a solução divina vai contra qualquer lógica humana de merecimento e execução humana.

Porque o caminho não é o homem subir. O caminho é Deus descer.

Ele mostrou isso exatamente no Natal: quando o próprio Deus assume a carne humana, torna-se um de nós e vem para construir aquilo que o homem, com toda a sua tecnologia e capacidade, não era, não é e nunca será capaz de construir.

É o próprio Jesus, Deus no meio de nós, que chega ao limite aonde ninguém nunca chegou nem chegará: ao morrer e ressuscitar, Ele colocou seu nome como o único que pode oferecer e conceder salvação (Atos 4.12).

Esta é uma boa e oportuna lembrança quando nossos projetos teimarem em elevar nossos nomes na direção de Deus. A boa e oportuna lembrança de que a solução para a humanidade não é subir por conta própria, mas aceitar que Deus desça.

Aliás, Ele desceu justamente para isso: para nos levar com Ele lá pra cima.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Convite

Capturar

Saber perder... e saber ganhar

Desde crianças fomos ensinados a prezar o “espírito esportivo”.

“É preciso aprender a perder”, ouvimos.

Não que devamos abdicar de lutar pela vitória e aprender a sempre perder. Não. A derrota tem um gosto amargo e ninguém deliberadamente a busca. Perder é e sempre será ruim.

Mas é preciso aprender a perder. Ao perder, é preciso aprender a não agredir o adversário, o próprio companheiro, o juiz ou o torcedor. Mais do que isso, é preciso aprender com os próprios erros, falhas, incompetências e desatenções. É preciso aprender com tudo isso e progredir, melhorar, crescer. Na última Copa, por exemplo, aprendemos (espero!) que empolgação e hino nacional cantado com lágrimas não ganham jogo – é preciso treinar mais.

Na vida, é preciso aprender com as derrotas. E elas vêm – pode ter certeza. A vida, e principalmente a vida cristã, não é feita apenas de alegrias e títulos. A derrota também faz parte. Dor, enfermidade, problemas, separações, privações, morte... enfim, há reveses. De todos os tipos. Aliás, Jesus não disse que deveríamos carregar a coroa, mas a cruz.

Não, não me esqueci do que disse o apóstolo Paulo ao chamar os cristãos de “vencedores” (Romanos 8.37). Em Jesus, somos vencedores sobre pecado, morte e diabo. Somos triunfantes, sim. Mas não somos triunfalistas: a vitória não é uma fórmula matemática que nos impede de sofrer, nem uma blindagem contra qualquer prejuízo nesta vida. Aliás, o próprio apóstolo Paulo, ao falar dos “vencedores”, dá exemplos de derrotas que a vida pode lhes impor: tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada (Romanos 8.35). E mais: que, por causa da fé em Jesus, “enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro” (v. 36). Ele conclui que nem mesmo as derrotas da vida devem nos tirar a vitória que Jesus nos dá – o perdão, a salvação e a vida eterna, vitórias muito maiores que as alegrias e vitórias passageiras da vida.

O que fazer diante das derrotas da vida? Bom, a primeira coisa a fazer é lembrar que elas são temporárias. Se estamos em Jesus, a vitória eterna é nossa. Segundo, podemos sempre de novo reconhecer nossa pequenez e dependência de Jesus. Não somos invencíveis por nossas próprias forças. Terceiro, podemos, então, nos arrepender dos nossos erros e suplicar pelo perdão que Jesus obteve ao derramar seu sangue por nós. E, a partir disso, podemos aprender com os infortúnios: reorganizar prioridades, valorizar o que deixamos de lado, ficar mais atento, etc. Parafraseando o mesmo apóstolo, as derrotas e tribulações da vida devem produzir “perseverança”, “um caráter aprovado” e “esperança” (Romanos 5.3-4).

Não é à toa que vemos, muitas vezes, as derrotas funcionarem como “instrumento pedagógico” de Deus. Nas derrotas, nos lembramos de Deus e clamamos por Ele. Quando tudo está bem, nem sempre nos declaramos dependentes de Deus – nas vitórias, podemos ser apunhalados pela arrogância, pela autossuficiência, pelo sentimento de que “estamos podendo”.

Por isso, sugiro que também aprendamos a ganhar.

Nas vitórias do esporte, devemos aprender que a comemoração deve estar na garganta, no peito e na frente daqueles que torcem por nós – não em frente ao banco de reservas do perdedor.

Assim, nas vitórias da vida, a comemoração deve estar nos nossos lábios, no nosso coração e junto Àquele que torce por nós – Aquele que nos presenteou com vitórias e alegrias.

Porque “espírito cristão” envolve saber perder... e saber ganhar.

P. Julio Jandt

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

2014 - CPT 20 - Reforma Parte 03

CapturarA reforma, mesmo sendo um movimento eminentemente religioso, acabou influenciando todas as outras esferas da sociedade.

31 de outubro, dia de...

314196_521566427854709_966312729_n31 de outubro. Data especial? Sim.

Hoje é o “Dia da Dona de Casa”, também chamada de “do lar”. Dia, portanto, de agradecer a Deus por aquelas mulheres que fazem um trabalho megaimportante, mas nem sempre reconhecido. Num tempo em que as mulheres buscam cada vez mais o seu espaço no mercado de trabalho, parece que cuidar da casa (no sentido de “família”) está cada vez mais fora de moda. Para muitos, isso é sinônimo de humilhação, submissão e outros termos usados pejorativamente. Mas poderíamos dizer que se trata de uma vocação digna, essencial e celestial. Lembre hoje com carinho daquelas trabalhadoras do lar que não recebem um salário, não tiram férias e cuidam de tudo para que haja organização, saúde e alegria dentro de casa.

Hoje também é o “Dia da Poupança”. Não estou falando da caderneta de poupança, mas da poupança em si. Poupança é aquela parcela da renda que não é gasta, sendo guardada para uso futuro. Isso inclui uma boa administração do lar, evitando o consumismo e precavendo-se para necessidades futuras. Deus nos deixou de presente a inteligência – e usá-la é sinônimo de boa administração. Claro que, em nossos dias, está cada vez mais difícil economizar. Mas hoje é dia de lembrar com carinho que viver com aquilo que fomos abençoados por Deus é viver de forma sábia, inteligente e precavida.

Para alguns, hoje é “Dia de Halloween” ou “Dia das Bruxas”. Essa “festividade” recuso-me a lembrar com carinho. Sua origem remonta o povo celta, que acreditava que, nesse dia, os espíritos saíam do cemitério para tomar posse dos corpos dos vivos. Mas as bruxas fizeram a fama da data por supostamente se reunirem para uma festa, comandada por ninguém menos que o diabo. Entre “doçuras ou travessuras”, é sempre bom se perguntar se brincar com coisa séria e anticristã é uma boa pedida.

Mas há outra data especial hoje. Há exatos 497 anos, um homem afixava, na porta de uma catedral na Alemanha, 95 teses, que questionavam práticas vigentes da igreja de então. Este homem defendia, na verdade, o que Deus, muito tempo antes, já havia falado:

- Você não precisa pagar nada para Deus nem para a igreja para ser perdoado. O perdão de Deus é de graça, porque Jesus já pagou o preço ao morrer na cruz.

- Você não precisa fazer algo para Deus para mostrar que é “merecedor” do perdão. Para obter o perdão, Deus nos faz crer e confiar em Jesus como o nosso Perdoador e Salvador.

- Você não precisa ir muito longe para conhecer esse Deus. Ele mesmo se revela a você, na língua que você mesmo fala, através da Bíblia, a Palavra e Voz dele, a única fonte e guia para conduzir vida, doutrina e igreja.

Em resumo, o perdão e a salvação são dádivas de Deus, dados de graça, sem mérito ou pagamento nosso. Deus nos concede esses presentes quando cremos [“fé”] que Jesus morreu por nós, derramou seu sangue e ressuscitou, vencendo a morte. É isto que Deus nos revela na Bíblia, e jamais qualquer ser humano (por melhor que seja) estará à altura deste santo livro.

Se você também pensa e crê assim, guarde com carinho o dia de hoje: 31 de outubro, “Dia da Reforma”. Dia em que não enaltecemos seres humanos, bens ou demônios. Mas um dia em que enaltecemos a verdade de Deus: a única verdade que liberta, perdoa e salva.

Ou seja, 31 de outubro é [mais um] dia de Deus.

Julio Jandt

terça-feira, 28 de outubro de 2014

REFLEXÃO: ‘Sola Gratia!’

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Por Elvio Figur

- O que você está lendo?

- Um livro que uma amiga me deu. Aqui estão os capítulos; Disciplina, Amor, Graça... – disse ela folheando as páginas.

- Graça? O que é Graça? – perguntou o homem demonstrando interesse.

- Não sei. – disse ela - Ainda não cheguei lá!

Penso na ultima resposta quando observo o comportamento das pessoas mundo afora. Há tanto ódio, tanta opressão, violência, desmembramento de famílias, casas invadidas por criminosos... Há ausência de Graça entre as pessoas.

- Mas o que é Graça? - E a resposta de um mundo em colapso e sem amor parece ser sempre a mesma; Não sei! Ainda não chegamos lá!

O artista alemão Gregor Schneider criou uma instalação em forma de prisão na praia de Bondi, em Sydney, Austrália. As pessoas que visitam a praia são convidadas a tomar sol dentro das celas. “No Começo nós não vimos uma diferença muito grande, mas depois, quando fechamos a porta da cela, começamos a sentir um pânico, uma sensação de medo e claustrofobia” disse uma turista que passou pela notável experiência.

Sobre o motivo que o levou a fazer as celas, Gregor cita um ataque criminoso àquela praia Australiana. E ele comenta; “Não Dá pra acreditar que tal coisa aconteça num lugar tão bonito...”. (BBC Brasil em 22 de outubro de 2007)

Sou forçado a concordar com este artista. Acho que ele acertou em cheio. “Não dá pra acreditar que tais coisas aconteçam num lugar tão bonito...” em um mundo tão bonito criado por um Deus que quer a felicidade de seus filhos. Não dá pra acreditar que na Praia da Graça de Deus, o que predomina sejam as celas da Lei.

Martinho Lutero se viu preso nas mãos de um Deus que só o deixava cada vez mais desesperado por causa da sua indignidade. Pressionado pelo medo e pelo desespero diante da evidente miséria e morte, o povo era pressionado a pagar altos sacrifícios pelo seu erro sob pena de passar a eternidade no Inferno.

Com o passar dos tempos e pressionado pelas suas próprias culpas a buscar compreender este Deus tão irado, Martinho viu e pôde compreender a graça de Deus pela primeira vez quando a sua ficha caiu ao ler, entre outros, os textos de Romanos 6.14; “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da Graça”; e também Romanos 3.24; “... (somos) justificados gratuitamente, por sua Graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. Foi como se ele, agora descobrisse, que durante toda a sua vida estivera com os olhos vendados, e preso em uma cela chamada Lei, e que, ao redor dele havia uma imensa e belíssima praia. A praia da Graça de Deus que justifica gratuitamente por meio da redenção que há em Cristo Jesus. É disso que fala o evangelho de João Capítulo 1 versículo 17; “Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; mas a Graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.

A Graça é o que Jesus veio trazer. Ela é o maior e melhor presente de Deus ao ser humano. A Graça é o perdão de absolutamente todos os pecados ao pecador que, arrependido se confessa culpado, e apela para a Misericórdia do Pai.

Sola Gratia! (Do Latim - Somente pela Graça!) Esse é um dos Pilares da Reforma Luterana. A verdade de que não estamos mais debaixo da lei, e sim da Graça pela Fé em Cristo Jesus.

Mas, mesmo em nossos dias, 497 anos após a Reforma Luterana, parece que não entendemos ainda e nem vivemos o real sentido da Graça que Cristo veio trazer. Experimente perguntar a qualquer pessoa o que ela pensa quando você usa a expressão; “Cristão Evangélico” ou “Católico”? A resposta que você irá ouvir pode vir nos seguintes termos; - São ativistas barulhentos, a favor da vida... ou; - São fanáticos contrários aos direitos dos homossexuais e das prostitutas... Ou; - São críticos acirrados da Televisão e dos malefícios da Internet... do aborto... etc. Nunca, ou muito raramente você irá ouvir como resposta uma descrição que tenha algum cheiro de Graça... Parece que, ainda hoje não é esse o tipo de aroma que os cristãos distribuem para o mundo, apesar do que Jesus falou; Sejam Sal e Luz no mundo... Ser Sal e Luz é também distribuir Graça, distribuir Perdão... Distribuir Amor...

Sermos agentes que irradiam dessa Graça de Deus em Jesus Cristo para o mundo, essa é nossa tarefa como cristãos.

No dia 31 de outubro lembramos os 497 anos da Reforma Luterana. A redescoberta de que; não estamos mais debaixo da lei, e sim da Graça...” (Rm 6.14), pois “A Graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17) e, por isso “...(somos) justificados gratuitamente, por sua Graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Assim, como cristãos, não andemos mais como cegos encarcerados na praia, pois temos a Graça de Deus, que é seu perdão incondicional em favor de nós. E, como Irmãos, que possamos exalar para o nosso próximo e para o mundo através de nossa vida, o indiscutível aroma do perdão imerecido da Graça de Deus em Cristo Jesus.

Leia em sua Bíblia; Romanos 3.19-28

sábado, 25 de outubro de 2014

ROSA DE LUTERO

Por Pr. Leandro Born – Crissiumal - RS

24/10/2014

Aproxima-se o dia 31 de outubro. Lembramos da Reforma Luterana. Martinho Lutero não é nenhum ídolo da Igreja Luterana. Os próprios ensinos da Reforma não são novos. Antes, são as verdades eternas de Deus, como estão reveladas na Escritura Sagrada.

O emblema dos luteranos no mundo inteiro é a Rosa de Lutero. Você já viu e observou? Sabe o que ela quer ensinar? No artigo dessa semana, queremos ver a Rosa de Lutero e estudar seu rico ensino.

Segue:

Cruz Preta: está bem no centro do desenho, nos mostrando o centro do Cristianismo: Cristo vem ao encontro do ser humano pecador. Cristo na cruz mostrou Sua Obra e Seu Amor por todos nós.

Coração Vermelho: Cristo agiu na cruz em nosso favor. Nossa vida só tem e recebe um novo sentido, quando olhamos e cremos pelo que Cristo Jesus fez por mim e por você.

Rosa Branca: quando o Cristo Salvador tem lugar na nossa vida, isso significa que ocorre uma transformação que traz paz e alegria. Cristo fez tudo por nós, estamos livres, não somos mais escravos da Lei. Em Cristo temos uma maravilhosa liberdade.

Fundo Azul: Deus está conosco. Cristo é o Emanuel – Deus conosco. Nada nos falta. Azul também é esperança para o futuro, pois o azul lembra a eternidade. O cristão tem certeza da vida eterna, pois Cristo é o Redentor.

Anel Dourado: sabemos que o ouro é o metal mais precioso que existe. Por isso, esse anel dourado representa as mais preciosas dádivas que recebemos de Deus. Através da cruz, Deus nos proporciona perdão dos pecados, vida e salvação – o mais precioso que pode existir.

É com razão que o apóstolo Paulo afirma: “Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus” (Romanos 5.1-2).

Estimado Leitor (a): lembre e olhe para a Rosa de Lutero não somente no Mês de Outubro, não somente quando nos aproximamos da Reforma Luterana. Mas olhe para ela e seu significado todos os dias. Lutero não teve o objetivo de querer “aparecer”, mas ele quer que Cristo e Sua cruz seja o que podemos ter de mais alto valor.

Texto: Pr. Leandro Born

Fonte: TopSul Notícias

2014 - CPT 19 - Reforma Parte 02

Capturar

Segundo programa CPT abordando o assunto da reforma.

Um pouco mais sobre a época em que ela ocorreu e o que levou Lutero a desencadeá-la.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

2014 - CPT 18 - Reforma Parte 01

CapturarVocê já parou para pensar em como era o mundo antes da Reforma Protestante? Para alguns pode não fazer diferença nenhuma, para outros, ela trouxe grandes mudanças para a vida em sociedade.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ebola Espiritual

imagesÉ impressionante o vestuário e as proteções usadas para evitar o contágio do vírus ebola. Visualizar um enfermeiro cuidando de pessoas contagiadas é semelhante a visualizar um astronauta.

Atualmente as pessoas parecem estar conscientes do perigo invisível de vírus e bactérias, porém conta-se que antigamente a maioria da população não acreditava na existência destes seres invisíveis a olho nu. Boa parte da descrença estava baseada no fato de que não podiam ver! A evolução dos microscópios e das diferentes tecnologias foi convencendo e conscientizando as pessoas.

A Bíblia fala em inimigos espirituais. Obviamente são invisíveis a olho nu. Porém, tal qual vírus e bactérias, provocam o mal e os sintomas são intensos e bem perceptíveis, tais como: “(...)inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, etc. (Gl 5.20).”

A pergunta é: será que realmente acreditamos na existência de seres espirituais do mal, ou os ignoramos como faziam antigamente com os vírus e bactérias comuns?

A Bíblia é como um microscópio que nos ajuda a perceber e visualizar estes inimigos, porém a lente verdadeira é a fé. Por meio da fé temos “certeza de fatos que não se veem (Hb 11).”

Pior do que não acreditar na existência destes seres é saber de sua existência e agir como se não soubesse. É evidente que muitas pessoas estão arriscando a sua saúde espiritual, entrando em contato direto com todo o tipo de maldades. Já outros acabam vivendo num mundo recluso, cheios de medo e temor. Exatamente como acontece com as doenças em geral, onde alguns não se cuidam como deveriam, enquanto outros entram em paranoia e simplesmente não saem mais de casa.

Nem lá, nem cá! É certo que devemos cuidar de nossa saúde espiritual, mas não precisamos abandonar o mundo. Até porque nosso próprio coração é hospedeiro do pecado (Mt 5.18). Por isso, o cuidado verdadeiro que nos garante saúde e liberdade de ir e vir é a presença do Espírito Santo de Deus que purifica nosso ser. Ele nos faz repousar na segurança e na proteção de Jesus. O amor de Deus revelado em Jesus é mais forte do que a morte. “Nada pode nos separar do amor de Deus, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura. (Rm 8.38-39).”

Se o vestuário usado para evitar a contaminação do ebola impressiona, imagina o vestuário espiritual, pois este não é confeccionado por mãos humanas. “A minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça. (Is 61.10)”. Nesta proteção, sejamos enfermeiros espirituais, cuidando e amparando uns aos outros.

Pastor Ismar Pinz

Comunidade Luterana Cristo Redentor,

Três Vendas, Pelotas, RS.

22/10/2014

domingo, 12 de outubro de 2014

Mudanças

blogqsp.menor-infrator-copyRecebo um e-mail contando a história de um jovem infrator, com apenas 14 anos, preso por porte de arma de fogo. Um repórter se aproxima e lhe dá conselhos do tipo “sai dessa vida, rapaz” e “o crime não compensa”. O garoto levanta a cabeça e olha para o repórter. “Eu já cansei de ouvir isso”, diz ele. “Estou armado porque vendo droga. Eu trabalhava antes numa oficina, meu patrão me tratava bem, me pagava legal, eu tinha minhas coisas e também estudava. Até que denunciaram o dono da oficina: ele me demitiu e até hoje responde processo na justiça. Já que não posso trabalhar como gente, vou vender droga”.

Antes de qualquer coisa: o garoto está certo? Não, não está. Mas a situação levanta um questionamento: antes que mais jovens mudem para pior, alguma coisa precisa mudar. Uma mudança radical. Na política. Na família. Nos valores. Nas leis.

Não tenho a solução pronta nem uma cartilha de “passo a passo”. Mas tentar tem mais chance de dar certo do que a inércia, o marasmo, o continuísmo. É claro que mudanças incomodam; elas nos tiram da zona de conforto. É claro também que não se pode mudar por mudar – mas mudar para melhor.

Contudo, mudanças precisam acontecer. A começar dentro de nós mesmos: se fôssemos deixados exatamente como somos, não serviríamos para nada. A Bíblia diz que todos nós, sem exceção, desde a nossa concepção, somos maus. Nossa natureza é, em si mesma, corrupta, falida, depravada.

Mas quando Deus nos mostra o pecado que temos e cometemos e, então, nos apresenta a solução para o pecado, as coisas começam a mudar. Jesus passa a viver em nós, pela fé naquilo que Ele realizou por nós, ao morrer e ressuscitar.

Leia em sua Bíblia a carta do apóstolo Paulo aos gálatas. Ela ilustra bem as mudanças erradas e as mudanças certas. Os gálatas haviam sido ensinados no evangelho de Jesus. Mas estavam abandonando muito rapidamente esse evangelho e correndo atrás de outras ideologias. Uma grande tentação também nossa: correr atrás daquilo que queremos ouvir, e não daquilo que precisamos ouvir! A mudança de evangelho era uma mudança de morte.

Mas Deus, diz o apóstolo, promove outra mudança. Uma mudança para melhor. Uma mudança de vida. Ele transforma um perseguidor e assassino de cristãos em um pregador do evangelho, perseguido por causa da sua fé. Ele dá nova vida a um bandido. Ele faz com que alguém que vive nas trevas seja trazido para a luz.

Paulo lembra aos gálatas qual era a sua situação anterior: “Vocês ouviram qual foi o meu procedimento no judaísmo, como perseguia com violência a igreja de Deus, procurando destruí-la” (Gl 1.13). “Mas Deus me chamou por sua graça”, diz Paulo. Agora ele é outro.

Que mudanças esperamos ou almejamos?

O fato é: uma mudança radical, eficaz, para melhor, só pode vir se Jesus morar dentro de nós. É provável que não fiquemos mais ricos, menos doentes ou com menos problemas. Também não quer dizer que, a partir disso, sejamos perfeitos; mas com Jesus em nós os valores mudam, o jeito de encarar a vida muda, as prioridades mudam, nós mudamos.

Que Deus nos permita experimentar mudanças. Para melhor.

Pois elas não são apenas importantes. São fundamentais.

Julio Jandt

“A Festa de Babette - No Banquete com o Pai…”

babette (1)Salmo 23.5; “Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda”.

Isaías 25.6; “O SENHOR dos Exércitos dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas, uma festa com vinhos velhos, pratos gordurosos com tutanos e vinhos velhos bem clarificados”.

 

“A Festa de Babette”, acontece no início do sáculo XX numa pobre aldeia de pescadores no litoral da Dinamarca. Um local de ruas cheias de lama e com cabanas cobertas de palha. Ali, um velho pastor, já com barbas brancas, liderava um grupo de crentes de uma severa e assim chamada no filme “seita luterana”. (Na Dinamarca, 88% da população é Cristã, dos quais 87%, são Luteranos) Todos os domingos, o grupo se reunia e cantava hinos do tipo; “Estamos no mundo, mas dele não somos, aqui nós vivemos distantes do lar…”.

O velho pastor viúvo, tinha duas filhas adolescentes; Martine, chamada assim por causa de Martinho Lutero, e Philippa, por causa do discípulo de Lutero, Philip Melanchton.

Depois do falecimento do pai, as duas irmãs, agora solteironas de meia-idade, tentavam continuar com a missão, mas, sem a liderança do velho pai, a igrejinha foi se acabando; Um irmão tinha queixas de outro por causa de algum negócio mal feito... Haviam boatos de que havia um caso de traição conjugal envolvendo pessoas da comunidade... Duas senhoras ‘muito queridas’ já não se falavam há anos...

Aconteceu que, numa noite chuvosa, bate à porta das irmãs Martine e Philippa, uma mulher estrangeira em busca de refúgio. A mulher entregou a elas uma carta onde estava escrito que seu nome era Babette, e que ela havia perdido o marido e filho durante a guerra civil da França. Com a vida em perigo, tivera de fugir, e alguém lhe arranjara uma passagem em um navio com esperança de que a pequena aldeia lhe demonstrasse compaixão. No rodapé da carta estava escrito; “PS: Babette sabe cozinhar”.

Durante os doze anos seguintes Babette trabalhou para as irmãs em troca de abrigo e comida. Um dia Babette recebeu uma carta onde um amigo lhe dizia que, durante todos estes anos, ele renovava o número de Babette na loteria francesa, e que, naquele ano, o bilhete de Babette fora premiado, e ela ganhara 10.000,00 francos. Uma pequena fortuna na época (Aprox. R$700.000,00).

Justamente naqueles dias as irmãs estavam pensando em preparar uma celebração em homenagem ao centenário do nascimento de seu pai. Por isso, Babette lhes fez um pedido; “Gostaria de preparar uma refeição para o culto de aniversário. Quero cozinhar a melhor refeição francesa para todos”.

Martine e Philippa, num primeiro momento, temendo ferir alguma lei divina ao aceitar um jantar francês, demonstram receio e insegurança. Elas tiveram que explicar a embaraçosa situação aos poucos membros da igrejinha que, por fim, concordaram.

Nevava no dia 15 de dezembro, o dia do jantar, o que deixava a paisagem com um charme todo especial. As irmãs ficaram satisfeitíssimas ao saber que um hóspede inesperado aparecera naquela noite e o convidaram a se juntar a elas no jantar. Era um oficial de cavalaria dinamarquesa que agora era general no palácio do rei.

babetteBabette havia conseguido louças e cristais, e havia enfeitado o recinto com velas e todos os ornamentos possíveis. A mesa estava linda. Quando o banquete começou todos os pobres habitantes da aldeia ficaram mudos, como quem vê algo nunca antes sonhado… algo totalmente novo e delicioso... Um Banquete repleto das melhores comidas e dos melhores vinhos e champagnes que aqueles humildes pescadores jamais haviam provado. Apenas o general elogiou a comida e a bebida; “É o mais fino Banquete que já provei” ele disse.

Embora ninguém mais falasse a respeito da comida ou da bebida, gradualmente o banquete operou um efeito mágico sobre os habitantes da aldeia. O sangue esquentou. As línguas se soltaram e eles começaram a lembrar dos velhos tempos quando o pastor ainda estava vivo…

Aquele Banquete era especial demais... Até o irmão que havia enganado o outro nos negócios ali, naquele momento, finalmente confessou e foi perdoado... A história de traição foi finalmente esclarecia e todos se desculparam... As duas mulheres que tinham uma rixa de dez anos voltaram a conversar como se nada tivesse acontecido entre elas... Até mesmo quando uma mulher, sem querer, arrotou, o irmão ao seu lado disse, bem-humorado; “Aleluia!”, coisa que nunca acontecera antes...

O fino general, por sua vez, não conseguia falar de nada além de elogiar a comida. Quando o ajudante da cozinha trouxe o “coup de grâce” e codornizes preparadas num finíssimo molho, o general exclamou que havia visto tal prato apenas em um lugar na Europa, no famoso Café Anglais em Paris. E comentou; “O Café Anglais já foi célebre por ter uma mulher como chefe-de-cozinha”.

Feliz, cheio de vinho, o apetite satisfeito, incapaz de se conter, o general levantou-se para fazer um discurso. Ele disse; “A misericórdia e a verdade, meus amigos, se encontraram aqui…”. Então o general fez uma pausa, pois ele tinha o hábito de fazer os seus discursos com cuidado, consciente do seu propósito, mas aqui, no meio da pequena e ortodoxa congregação do velho pastor, foi como se toda a figura do General, com seu peito coberto de condecorações, fosse porta-voz de uma mensagem que precisava ser transmitida àquele povo; “Todos nós fomos informados de que a graça deve ser buscada no céu. Mas em nossa loucura humana e nossa visão reduzida imaginamos que a graça divina seja finita e limitada ao futuro... Que está lá longe… Porém, chega o momento em que nossos olhos são abertos, nosso coração é aquecido… Só aí vemos e entendemos que a graça é infinita e ilimitada... Ela já está aqui, pois o reino de Deus está entre vocês…”. Finalizando, o general acrescentou; “A graça, meus amigos, não exige nada de nós a não ser que a aguardemos com confiança e a reconheçamos com gratidão…”

No discurso do general, a autora da trama, Isak Dinesen, não deixa dúvidas de que escreveu “A Festa de Babette” não apenas como uma história a respeito de uma excelente refeição, mas como uma Parábola da graça de Deus - Como a parábola do Banquete de Jesus; um presente que custa tudo para o doador e não custa nada para quem o recebe…

Assim, como algo mágico e maravilhoso, aquelas pessoas puderam sentir ‘uma pitadinha do céu’ da forma como o reino de Deus foi contado pelo Poeta no salmo 23, por Isaías e pelo próprio Cristo; Como um Grande Banquete com as melhores delícias cujo valor ignoramos…

O Filme “A Festa de Babette” termina com duas cenas;

- Numa delas, lá fora, os pobres e velhos pescadores dão as mãos ao redor da fonte de água e cantam entusiasmados os velhos hinos de seus hinários luteranos. É uma cena de absoluta comunhão… A Graça de Deus entrou naqueles corações... Eles sentiram como se realmente tivessem os seus pecados lavados e tornados brancos como a lã, e nessas vestes inocentes, as vestes do cordeiro que agora vestiam, faziam brincadeiras como cordeirinhos travessos pelos campos verdejantes e águas tranquilas descritas no Salmo 23. Tudo isso firmava neles a certeza de que; “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23.6).

- A ultima cena do filme acontece lá dentro, na bagunça de uma cozinha cheia até o teto de louças para lavar, panelas engorduradas, conchas, ossos cartilaginosos, engradados quebrados, cascas de vegetais e garrafas vazias… Babette senta-se no meio da bagunça, parecendo tão desgastada quanto na noite em que chegara à aldeia, doze anos antes.

“- Foi um jantar e tanto!” – diz Martine.

Babette parece distante. Depois de um minuto ela responde;

“- Eu era a cozinheira que tornou famoso o Café Anglais do qual o general falou”.

“- Todos nós lembraremos desta noite depois que você tiver voltado para Paris!” - Martine acrescenta, como se não a tivesse ouvido.

Babette então lhes diz que não vai voltar para Paris… Praticamente todos os seus amigos e parentes ali foram mortos ou feitos prisioneiros. E, naturalmente, seria muito cara uma viagem de volta para Paris.

“- Mas e os dez mil francos?” - as irmãs perguntam.

Então Babette revela; Havia gasto tudo, cada centavo de franco que ganhara, na comida que haviam acabado de devorar.

“- Não se assustem…” - ela diz - É isso que custa um jantar adequado no Café Anglais”.

Doze anos antes daquela Festa, Babette aparecera entre aquelas pessoas que conheciam a graça apenas na teoria. Eram discípulas de Lutero, que ouviam sermões a respeito da infinita graça de Deus em Jesus Cristo quase todos os domingos, mas que, no restante da semana, tentavam obter o favor de Deus com a sua própria piedade e esforço… Mas a graça de Deus veio a elas na forma de um Banquete – “A festa de Babette”. Ela gastou tudo o que tinha de uma vida inteira a fim de proporcionar alegria àqueles que nem a haviam merecido, que mal possuíam a capacidade de recebê-la ou reconhecer o valor. Pobres, desdentados e maltrapilhos das beiras das estradas.

No entanto, para Deus essas pessoas são dignas, pois aceitaram o convite e, como escreve João; “… Estas são as pessoas que lavaram as suas roupas no sangue do Cordeiro, e elas ficaram brancas. …” (Ap 7.14).

A graça de Deus foi demonstrada e veio àquelas pessoas da pequena aldeia dinamarquesa como sempre vem e virá para a Eternidade; Livre de pagamento, sem cordas amarradas… O mais fino prato (de um famoso restaurante francês) como ‘Cortesia da casa’. Essa graça é para você também. Deus te convida; “Vinde, pois tudo está preparado!”. Assim, sem merecimento próprio, nós já fazemos parte do divino Banquete... Se não estivermos ocupados demais...

(Adapt. “A Festa de Babette” em; Maravilhosa graça de Philiph Yancey)

festa de babette(O filme “A festa de Babette”, de 1987, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1988)

 

 

 

 

 

 

Assista o filme;

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

AS CRIANÇAS E DEUS

DEUS-SEMPRE-PROTEGE-AS-CRIANCAS      O conhecimento ou a compreensão que os pais tiverem sobre Deus, os filhos também terão. Será que vale a pena deixar as crianças longe de Deus? Partimos do princípio de que os pais cristãos, conhecedores de Deus e de sua Palavra, ensinarão aos seus filhos sobre o amor de Deus. Este amor é revelado em Cristo Jesus. Deus quer que as pessoas vivam em união e que busquem o bem umas das outras.

      As crianças que aprendem sobre o amor de Deus, também aprendem sobre o respeito e o amor ao semelhante. É exatamente aí que reside um dos grandes problemas da humanidade. Tudo poderia ser muito diferente se Deus fosse uma realidade viva e presente na vida das pessoas. As crianças seriam as maiores beneficiadas, principalmente, ao entrarem na vida adulta.

      Não se preocupar com as crianças hoje será preocupação em dobro amanhã. Filosofias de vida existem aos milhares. Conhecimento, de alguma forma, todos podem ter. Mas, transformar em atitudes o que se aprendeu de bom é cada vez mais difícil. Neste sentido os pais têm uma participação fundamental. Os filhos, vendo as atitudes dos pais, irão fazer o mesmo quando forem adultos.

      Jesus, em certa ocasião, disse aos seus alunos (discípulos) que repreendiam as pessoas que traziam crianças até Ele: “Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso.” (Mc 10.13-14). Não levar as crianças até o Salvador Jesus é o mesmo que negar a elas a possibilidade da verdadeira e eterna vida. Elas são muito espertas, ativas e aprendem com muita facilidade. Nossos filhos precisam ter uma relação mais íntima e real com Deus, nosso Criador. Vale a pena semear no coração das crianças a Palavra de Deus.

Pastor Fernando Emílio Graffunder

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Votar é um dom divino

direito-votar-Brasil“Não existe nenhuma autoridade sem a permissão de Deus”, escreve o apóstolo Paulo na carta aos romanos. Diz isto sob a impiedosa ditadura do Império Romano. Se hoje podemos escolher nossos governantes e legisladores num regime democrático, certamente estamos mais próximos à vontade daquele que “é Rei e governa todas as nações” (Salmo 22.28). A Bíblia fala dos deveres e direitos das autoridades políticas, condena injustiças, opressão e tirania, sem defender um sistema de governo – monarquia, democracia ou outra configuração. No entanto, a democracia tem um jeito parecido com maneira de Deus governar, ao dar liberdade de escolhas com responsabilidades e consequências.

Na compreensão deste princípio, de que a instituição do poder político vem de Deus – num mundo que precisa de gente que manda e de gente que obedece – percebe-se o significado das urnas: votar é um dom divino. Por tabela, Deus escolhe pessoas por nossas mãos. Se os governos não cumprem o seu dever, isto fica na conta deles e um dia terão que prestar satisfação ao Criador. Assim, longe de nós o uso indevido do poder das urnas. Também nosso compromisso na política não fica apenas na hora do voto. Afinal, somente um país bem governado oferece condições ao grande propósito divino, “que todos sejam salvos e venham a conhecer a verdade” (1 Timóteo 2.4). A injustiça, a fome, a guerra, a ignorância, a desobediência, a imoralidade, a violência, enfim, o caos numa sociedade, além de desagradar o Criador, dificulta a sublime tarefa de “preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo” (Efésios 4.12).  Não por nada que o apóstolo recomenda: “Orem pelos reis e por todos os que têm autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica, com todo o respeito a Deus e agindo corretamente” (1 Timóteo 2.2). Neste momento, a recomendação é outra: “Orem pelos eleitores para que possam escolher bons governantes”.

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

4 de outubro de 2014

Somente pela Graça

Sola-Gratia

Viajando de ônibus, sem querer, ouvi uma conversa entre uma jovem que lia um livro qualquer, e o homem ao seu lado;

- O que você está lendo? – Ele perguntou.

- Um livro que uma amiga me deu.

- É mesmo? Do que se trata?

- Não tenho certeza. Uma espécie de guia para a vida. Ainda não li muita coisa...

Ela começou a folhear o livro;

- Aqui estão os capítulos do livro; Disciplina, Amor, Graça...

- Graça? O que é Graça? – perguntou o homem demonstrando interesse.

- Não sei. – disse ela - Ainda não cheguei lá!

* * *

Penso na ultima resposta dessa jovem quando observo o comportamento das pessoas mundo afora. Há tanto ódio, tanta opressão, violência, desmembramento de famílias, casas invadidas por criminosos... Chego à conclusão que há ausência de Graça entre as pessoas.

Mas o que é Graça? E a resposta de um mundo em colapso e sem amor parecer ser sempre a mesma; Não sei! Ainda não chegamos lá!

* * *

PROJECT_16_640X360O artista alemão Gregor Schneider criou uma instalação em forma de prisão na praia de Bondi, em Sydney, Austrália. As pessoas que visitam a praia são convidadas a tomar sol dentro das celas. No Começo nós não vimos uma diferença muito grande, mas depois, quando fechamos a porta da cela, começamos a sentir um pânico, uma sensação de medo e claustrofobia disse uma turista que passou pela notável experiência.

Sobre o motivo que o levou a fazer as celas, Gregor cita um ataque criminoso àquela praia Australiana. E ele comenta; “Não Dá pra acreditar que tal coisa aconteça num lugar tão bonito...”. (BBC Brasil em 22 de outubro de 2007)

Sou forçado a concordar com este artista. Acho que ele acertou em cheio. “Não dá pra acreditar que tais coisas aconteçam num lugar tão bonito...” em um mundo tão bonito criado por um Deus que quer a felicidade de seus filhos. Não dá pra acreditar que na Praia da Graça de Deus, o que predomina sejam as celas da Lei.

A verdade é que, como seres humanos, vivemos enclausurados e rodeados pelo pecado que nos ronda a toda hora num mundo que não dá espaço para a Graça. E, o pior de tudo é que, “...Quando fechamos a porta da cela que nos enclausura, começamos a sentir um pânico, uma sensação de medo e claustrofobia”. É a opressão da Lei presente também, infelizmente, em muitas igrejas ao longo dos anos, apesar da reforma.

Martinho Lutero sentiu na pele o ‘enclausuramento’ nas cadeias da Lei pregada pela Igreja de sua época. Ele se viu preso nas mãos de um Deus que só o deixava cada vez mais desesperado por causa da sua indignidade diante desse Deus. Pressionado pelo medo e pelo desespero diante da evidente miséria e morte, o povo era pressionado pela igreja a pagar altos sacrifícios pelo seu erro sob pena de passar a eternidade no Inferno.

Com o passar dos tempos e pressionado pelas suas próprias culpas a buscar compreender este Deus tão irado, Martinho Lutero viu e pôde compreender a graça de Deus pela primeira vez quando a sua ficha caiu ao ler, entre outros, os textos de Romanos 6.14; “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da Graça”; e também Romanos 3.24; “... (somos) justificados gratuitamente, por sua Graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. Foi como se ele, agora descobrisse, que durante toda a sua vida estivera com os olhos vendados, e preso em uma cela chamada Lei, e que, ao redor dele havia uma imensa e belíssima praia. A praia da Graça de Deus que justifica gratuitamente por meio da redenção que há em Cristo Jesus.

Meus amigos, é essa a sensação que sente uma pessoa que a vida inteira viveu sobre a opressão da Lei. Uma Lei que condena, ameaça, castiga e joga o pecador fora da presença de Deus “pois não há justo nenhum sequer” (Rm 3.10). Nessa cadeia, o pânico, a sensação de medo e a claustrofobia dominavam “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Mas quando a venda é tirada dos olhos e quando a porta da cela é aberta, aí há a Graça de Deus. Aí há o Perdão Incondicional de Deus. É o que diz o evangelho de João Capítulo 1 versículo 17; “Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; (mas) a Graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.

A Graça é o que Jesus veio trazer. Ela é o maior e melhor presente de Deus ao ser humano. A Graça é o perdão de absolutamente todos os pecados ao pecador que, arrependido se confessa culpado, e apela para a Misericórdia do Pai.

A seguinte ilustração, parafraseada de uma Parábola de Jesus, pode nos ajudar a entender um pouco essa Graça do Perdão Incondicional;

“Taís, uma filha de 15 anos, rebelada com seus Pais, foge de casa com o namorado... Muda de cidade... Lá, após ser largada a própria sorte, agora grávida, cai na prostituição e nas drogas da pior maneira possível... Anos se passam e aquela jovem sequer liga para seus pais, sente-se envergonhada do que fez. Ela jamais pensa em retornar, pois certamente seria severamente castigada pelos seus pais... Quando o desespero toma conta, ela decide mandar um recado para seus pais que diz o seguinte; “Pai, Mãe. Estou aqui numa cidade sem ter onde ficar. Estou com uma filhinha de 2 aninhos, mas não sei como cuidar dela, nem tenho alguém pra ficar comigo... Não consigo sustentar o meu vício e uma doença terrível me deixou muito vulnerável a muitas doenças... No Domingo pela manhã pegarei um ônibus que passa pela cidade onde vocês moram. Se alguém ainda quiser me ver, esteja na Rodoviária às 10:00. Se não, continuarei a viagem até o fim da linha... e ninguém sabe o que me aguarda lá. Aquela jovem, enquanto viajava, não conseguia pensar em nada a não ser na lavagem moral que receberia de seus pais, isso se eles ainda quisessem vê-la... Desesperava-se e as lágrimas lhe corriam o rosto ao lembrar de sua infância, quando, naquela época do ano, corria entre as arvores do pomar de seu pai, carregadas de frutas... Jamais me receberão de volta, pensava. No entanto, ao chegar à Rodoviária, o que aquela jovem vê é um grande número de pessoas reunidas. Balões por toda a parte. Seus irmãos, suas tias, avós e ex-amigos... No momento em que ele pisa no chão da Rodoviária, no meio daquela multidão em festa um grande cartaz é aberto com o letreiro; Seja Bem Vinda de volta Taís! Surge então do meio da multidão Pai e a Mãe com os braços abertos e o que se segue é indescritível... Um rio de lágrimas... e de Graça... Aquele era o maior presente que ela já recebera em toda a sua vida. Algo inimaginável e absolutamente inexplicável...“

Amigos! Isso é Graça. É um Deus, chamado de Pai, que vem ao encontro do pecador e diz; “O teu pecado está perdoado, porque a Graça e a verdade vieram por meio de Cristo”. Parece bom demais pra ser verdade? Então experimente aplicar a Graça na vida de sua família... Na Comunidade Cristã que você frequenta... Com o tempo você irá perceber que só o perdão é capaz de dar um basta em todo ciclo de ausência de Graça. Só o Perdão que não leva em conta o pecado, por maior que seja, é capaz de exercer uma força positiva muito maior do que a vingança. Muito maior do que a indiferença. Mais forte do que o racismo ou o ódio... Muito maior do que cadeias que aprisionam... A Graça quando está presente, e somente ela, tem o poder de arrancar as algemas e dar a visão e a verdadeira liberdade da Praia...

* * *

No dia 31 de outubro lembramos os 497 anos da Reforma Luterana. A reafirmação de que; não estamos mais debaixo da lei, e sim da Graça...” (Rm 6.14), pois “A Graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17) e, por isso “...(somos) justificados gratuitamente, por sua Graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Assim, como cristãos, não andemos mais como cegos encarcerados na praia, pois temos a Graça de Deus, que é seu perdão incondicional em favor de nós. E, como Irmãos, que possamos exalar para o nosso próximo e para o mundo através de nossa vida, o indiscutível aroma do perdão imerecido da Graça de Deus em Cristo Jesus.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Começou a primavera 2014

CapturarA primavera é uma das quatro estações do ano. No hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, a primavera tem início em 23 de setembro e termina no dia 21 de dezembro. Veja essa bela reflexão.

domingo, 21 de setembro de 2014

2014 - CPT 15 - Amizade

CapturarEles estão ali para toda hora, seja ela boa ou ruim, e topam de tudo para ficar ao seu lado. O que seria da vida se não existissem os amigos? Quem é o seu melhor amigo?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Política e religião

20120803163925_268O perigo são dois extremos quando o assunto é política e religião. Um governo com ideologia anticristã, contrário a qualquer crença, transgressor da moralidade e de princípios básicos da sociedade, ou um governo que impõe a sua religião e práticas, algo parecido com o estado islâmico. São posições radicais, fundamentalistas, condenadas por Martinho Lutero há 5 séculos na antiga Alemanha quando defendeu o estado laico. Política é uma instituição que “não pode estender-se ao céu e sobre a alma, mas somente sobre a terra - o convívio externo dos seres humanos - onde pessoas podem ver, reconhecer, julgar, opinar, castigar e salvar”, escreveu Lutero. Por isso a sua tese: “Tem que se distinguir cuidadosamente esses dois regimes e deixá-los vigorar; um que torna justo (cristão), o outro que garante a paz exterior e combate as obras más”.

No entanto, apesar desta essencial separação, Lutero não sugere um seguidor de Cristo omisso e indiferente às questões públicas. Ao lembrar que a política é o esforço constante e paciente para estabelecer e manter uma ordem social compatível com os valores do cristianismo, ele compromete um país com tradição cristã ao que todos, crentes e descrentes, desejam: honestidade, justiça, ordem, progresso, trabalho, liberdade, tranquilidade. Ou seja, quanto mais gente cristã num lugar, menos insegurança social. Mas então, porque tal contradição de um Brasil corrupto e injusto? Somos quase 90% de “cristãos”. Qual o problema?

O problema está na cara. Ou melhor, no coração. Esta incoerência fez Jesus contar uma parábola: “Quem ouve os meus ensinamentos e não vive de acordo com eles, é como um homem sem juízo que construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, o vento forte, e a casa caiu”. O Brasil precisa de gente com juízo, sabedoria, capaz para fazer aquilo que o 5 de outubro exige. O Brasil precisa de gente que ouve e vive os ensinamentos de Jesus.

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

29 de agosto de 2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Escola Bíblica ‘Com Jesus’

Escola BíblicaInicia neste Sábado, dia 16 de agosto, a Escola Bíblica 'Com Jesus' da Congregação Evangélica Luterana Redentor de Juiz de Fora. Será sempre aos sábados com inicio às 15:00hs. Traga seu(s) filho(s) e incentive a que participem.

sábado, 9 de agosto de 2014

2014 - CPT 10 - Pais

Capturar

Um super-heroi, um companheiro de aventuras ou um cara muito legal, que brinca, ri e ensina. Além de dar a vida, os pais têm papel importante na vida dos filhos.
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Entrevistados:
Hélvio Veide - Pastor
Alex Schmökel - Pastor
Oscar Zimmermann - Pastor
Fernando Garske - Pastor
Volmar Herbertz - Pastor
Ismael Rediske - Pastor
João Carlos Tomm - Pastor
Gerson Linden - Pastor e Professor
Realização
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Produção
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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Fica a Dica: PAIS, AS MÁSCARAS DE DEUS!

pai-9No próximo final de semana vamos comemorar o Dia dos Pais. Muitos lembram com saudade daqueles tempos de criança, onde o pai era praticamente um super-herói: tudo ele resolvia. Todos os problemas eram facilmente resolvidos pelo pai. Não é difícil ouvir um filho dizer cheio de orgulho no peito: “Quando crescer quero ser que nem o meu pai”.

Muitos também vão lembrar de alguém que abria mão do seu tempo com a família, enfrentava o frio e chuva para trabalhar, acordava cedo no forte do inverno! Tudo isto para que os filhos tivessem suas roupas, comida e sustento garantidos. Pai: homem escolhido por Deus para educar e criar para a vida. Pai que tantas vezes orou a Deus com o coração apertado, vendo você ainda pequeno e doente. Pai que aprendeu a confiar ainda mais em Deus quando teve filhos e filhas.

Dia dos Pais é um bom momento para olhar para trás e ver Deus presente na nossa história de vida através destes homens que chamamos de “meu pai”. Dia dos Pais nos faz ver o nosso pai e ver ele como uma “máscara” de Deus – ou seja: não era só o nosso pai que nos pegava no colo alegre e feliz, não era só o nosso pai que estava nos levantava de um tombo, não era só o nosso pai que jogava bola e corria feliz com a gente. Por detrás de tudo isto, estava o Salvador Jesus, nos amando e nos educando para a vida. E para isso usou o jeito do seu pai, o carinho do seu pai, os braços e as mãos daquele homem que você amará para sempre. Quando Deus deu o 4° mandamento à humanidade, que fala de honrar, amar e respeitar o nosso pai, Deus também estava nos ensinando a confiar e a respeitar ele mesmo: assim como você aceita do seu pai tanto o castigo como o abraço amoroso, assim também você aceita do próprio Deus as coisas boas e as coisas ruins da vida.

Então fica a dica: pais são máscaras de Deus, instrumentos do amor de Jesus. Vamos juntos louvar a Deus por tudo isto? A Congregação Cristo está preparando cultos bem especiais para o Dia dos Pais: sábado às 20h e domingo às 9h. Você e sua família estão convidados para celebrar o amor salvador de Jesus, amor que tantas vezes sentimos no colo e na proteção de um pai!

Pastor Bruno A. Krüger Serves

Congregação Evangélica Luterana Cristo, Candelária-RS

Coluna Fica a Dica, Folha de Candelária.

sábado, 2 de agosto de 2014

A guerra de Israel

israel_libano_590A guerra na Faixa de Gaza tem implicâncias bíblicas? De uma trincheira são os sionistas que buscam nas páginas do Antigo Testamento a reivindicação das terras de Israel, de outra, os islâmicos, expulsos da Palestina na criação do estado israelense em 1948. O radicalismo religioso de ambos, interesses políticos e econômicos, e a própria tendência humana pela guerra, tudo isto pode complicar ainda mais a vida no planeta já amargurado na desgraça da degradação ambiental e social. Além disto, um segmento da cristandade interpreta literalmente, de forma política e geográfica, as profecias bíblicas sobre a restauração de Israel, e nesta guerra, pedem orações em favor dos descendentes de Jacó. Uma visão alimentada pela perseguição maciça contra cristãos em muitas nações que seguem o Alcorão junto com o terrorismo dos radicais muçulmanos - a exemplo do Hamas na Faixa de Gaza - que pregam a guerra santa do islamismo e a conversão do mundo inteiro às regras de Maomé.

Enquanto isto, se Salomão não vai ao monte Sião, o monte Sião vai a Salomão. Aqui no Brasil foi inaugurada uma réplica majestosa, de cair o queixo, do Templo de Salomão. Tudo para revelar ao mundo as bênçãos terrenas da “igreja de Cristo” - outra guerra santa por interesses políticos, econômicos e territoriais. Uma Faixa de Gaza brasileira nesta mistura insana de política e religião na conquista de poder. Por isto o monte de políticos na inauguração deste templo, tudo na conquista de votos no início de uma campanha em que bombas atingem a ética e a verdade.

“Meu reino não é deste mundo”, respondeu Jesus a Pilatos antes de morrer na cruz pela humanidade.  Territórios, terras, templos, bens materiais, poder político, glórias, prestígios – a história não nega, tudo isto tem começo e tem fim. Assim, o recado de Jesus com endereço: “Onde está o teu coração está o teu tesouro”. Num mundo de guerras, ganância, ódio, violência, orgulho, vaidades, o Evangelho de Cristo permanece com a solução.

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

2 de agosto de 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cicatrizes

00A vida nos deixa com cicatrizes. Alguns mais, outros menos.

Mas a história de Victoria Wilcher, de apenas 3 anos, é triste. Ela supostamente teria sido “convidada” a se retirar de uma loja de fast food, nos Estados Unidos, porque sua aparência estava assustando os clientes.

Victoria possui várias cicatrizes no rosto e não tem o olho direito. Ela foi vítima de um ataque de três cães da raça pit bull em abril. A rede de fast food abriu investigações e resolveu doar 30 mil dólares para ajudar na recuperação de Victoria.

Você já se assustou com as cicatrizes de alguém?

Antes, porém, responda: quais são as suas cicatrizes? Sim, porque você as tem. Eu também tenho. Na mão direita. Não menor que 10cm. Fora aquelas que ninguém vê.

Mas não me envergonho delas. Porque, no fundo, como disse o escritor Caio Fernando Abreu: “Uma cicatriz significa: Eu sobrevivi”. O meu passado foi real, as lutas existiram, a ferida também. Mas Deus me trouxe até aqui. E cá Ele está comigo.

Isso me faz lembrar a história do menino atacado por um jacaré. Ele tinha ido nadar num lago atrás de sua casa. Na pressa de mergulhar na água fresca, foi correndo, deixando para trás os sapatos, as meias e a camisa. Porém, ao cair na água, não percebeu que um jacaré estava deixando a margem do lago e indo em sua direção.

Sua mãe, em casa, olhava pela janela enquanto os dois estavam cada vez mais perto um do outro. Apavorada, a mulher correu para o lago, gritando para o filho o mais alto que conseguia: “Filho! Filho! Cuidado! Volte! Saia da água! Rápido!”

Ao ouvir a voz da mãe, o menino se assustou e começou a nadar na direção dela. Mas já era tarde. Assim que o menino chegou perto da mãe, o jacaré também o alcançou. A mãe agarrou o filho pelos braços enquanto o jacaré o abocanhou pelos pés. O animal era muito mais forte do que a mulher, mas o amor pelo filho lhe dava forças para não deixá-lo ser levado por aquele bicho perigoso. O desespero de mãe e filho parecia não ter fim, até que um fazendeiro, que passava por perto, ouviu os gritos, pegou uma arma e matou o jacaré.

Após semanas no hospital, como um milagre, o pequeno menino sobreviveu. Seus pés ficaram completamente machucados pelo ataque do animal, e, em seus braços, continuavam também as marcas profundas, onde as unhas da mãe estiveram cravadas enquanto lutava para salvar o filho amado.

Um repórter que entrevistou o menino após o trauma, perguntou se ele podia mostrar suas cicatrizes. A criança, inocentemente, mostrou seus pés. O repórter ficou chocado com o que viu. Porém, o menino falou orgulhoso: “Mas olhe em meus braços! Eu tenho também grandes cicatrizes nos meus braços porque minha mãe não deixou o jacaré me levar”.

Se você tem cicatrizes - da vida, no corpo, na alma -, lembre-se: Deus não deixou você ir.

Queira Deus que a Victoria possa ter seu rosto restabelecido da melhor forma possível.

E quando você encontrar alguém parecido com ela, não se envergonhe das cicatrizes, nem repugne, muito menos julgue.

Você tem as suas. Eu tenho as minhas. E mesmo assim Deus segue conosco.

Tudo isso porque Jesus tem as cicatrizes do amor nas mãos e nos pés. Cicatrizes sem culpa, fruto do Amor, marcas da vitória. Cicatrizes que concedem perdão e salvação. Cicatrizes que fazem a nossa vida valer a pena.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Parabéns, campeão!

taçaAcabou.

Já conhecemos o campeão.

Foram muitas batalhas. Muita garra. Dedicação.

Também teve sofrimento. Superação. Sacrifício.

Mas valeu a pena.

O suor no rosto mostrava a angústia.

As lágrimas, ao longo do caminho, agora são lágrimas de alegria.

Até sangue foi derramado.

O início foi avassalador, já com uma goleada sobre quem se julgava superior, melhor do mundo.

Mas o campeão era diferente. Não olhava para o telão, buscando os holofotes, em vaidade, presunção ou futilidade. Não. Não foi fanfarrão, mas jogou em silêncio, às vezes num silêncio profundo e mortal, mas eficaz.

O campeão nunca foi egoísta, nem pensou apenas em si, em suas glórias, no que poderia ganhar. Não quis dinheiro, fama ou contratos milionários. Antes, pensou na nação, jogou por ela, batalhou por ela, venceu por ela.

Claro, houve percalços. Muitos queriam impedir a vitória do campeão. Fizeram faltas, algumas bem violentas... Reclamaram, atingiram... Armaram estratégias, golpes, ataques... Juízes parciais marcaram impedimentos inexistentes, pênaltis simulados, deram cartões sem fundamento e tentaram expulsar injustamente.

Mas foi tudo em vão.

A estratégia do campeão prevaleceu. E ele seguiu convicto, marchando confiante, jogando triunfante. Nada o deteve.

Até mesmo quando o jogo parecia perdido, a virada apareceu. Quando parecia exausto, sem condições de lutar e avançar, o campeão não se entregava. Quando se esperava uma batalha igual, ele ganhava de goleada. E que goleada!

Ninguém esperava. A maioria estava ao lado de outros. Mas o campeão foi mais forte, equilibrado, decisivo. Nunca desistiu, mesmo diante das adversidades. Foi ousado e humilde, polivalente e perseverante. Tinha um foco claro e por ele combateu desde o início. A iniciativa do jogo sempre foi dele.

Seu triunfo foi um passeio, um verdadeiro chocolate!

A final, verdadeiramente épica, vai ficar marcada para todo o sempre. E a taça é, merecidamente, sua.

É por isso que, hoje, milhões no mundo inteiro gritam, com justiça: “Ôoooo, o campeão voltou! O campeão voltou!”

Que o digam os hermanos, os brasileiros, todos os demais e até mesmo os alemães!

Porque nessa copa, a maior e mais importante de todos os tempos, a copa das nossas vidas, o campeão, com todo o direito, é... JESUS!

A Ele nossos parabéns, nosso louvor e gratidão!

E, se você crê nesse verdadeiro campeão e vencedor, então Ele mesmo garante: o título deste artigo também vale para você.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Perder para ganhar

joaquim-final-copa-selecionadas-09-size-598O assunto já encheu a nossa paciência, mas se ainda existe resignação, penso que no livro "Lições da Copa" o mais significativo fica no capítulo Saber Perder. Os argentinos não souberam. "Nos robaron la ilusión", reclamaram eles. Os alemães souberam ganhar. Antes e depois. O que não veio de graça. Este povo precisou encurvar-se de forma dolorosa após a queda do nazismo - tudo por conta da soberba. Qualquer arrogância - no esporte, nas tradição cultural, na etnia, na religião, na carreira profissional, no status social, no nível econômico - carrega um domínio pernicioso quando sempre na vida há vencedores e perdedores. Para nós brasileiros foi menos traumático perder por 7x1 de uma Alemanha que não tirou nossa dignidade.

O apóstolo Paulo pensou em algo parecido quando escreveu: "Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile de vitória de Cristo. Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus..." (2 Coríntios 2.14). Ele busca uma imagem estarrecedora para falar de outra coisa. Quando o cruel exército romano entrava triunfalmente na capital arrastando por correntes e chicotadas os prisioneiros de guerra, neste caminho de vitória e humilhação haviam piras de incenso que exalavam um perfume que invadia toda a cidade. Paulo diz que é muito melhor ser prisioneiro de Cristo, e que a vida do cristão é um perfume que espalha vida. Ser prisioneiro de Cristo não deixa de ser um processo doloroso, exige a desistência de qualquer virtude, vaidade, ostentação, valentia. É preciso render-se, humilhar-se, desistir da auto suficiência e vitória pessoal. Atitudes estúpidas à natureza humana, mas necessárias para Cristo reinar em seu amor e, desta forma irracional, conduzir alguém à verdadeira vitória.  Ao falar desta conquista, Paulo diz que "somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós" (4.7).

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

17 de julho de 2014