sábado, 20 de dezembro de 2014

Teste de Natal

Para este artigo, vamos fazer um pequeno teste, combinado?

1. Diga o nome das cinco pessoas mais ricas do mundo.

2. Diga o nome dos últimos cinco ganhadores do prêmio Nobel da Paz.

3. Agora diga o nome das três últimas vencedoras do concurso para Miss Universo.

4. Dê o nome de dez ganhadores de medalhas de ouro nas últimas Olimpíadas.

5. E, para terminar, diga os últimos doze ganhadores do Oscar.

Como foi? Difícil? Imagino que sim.

E olha que não são pessoas anônimas. São famosas, ganhadoras de prêmios.

Sabe por que o teste pareceu tão difícil?

Porque o aplauso morre, prêmios envelhecem, grandes acontecimentos são esquecidos.

Posso sugerir um outro teste? Sem pegadinha, é sério.

1. Escreva o nome de cinco professores que você gostou.

2. Pense em cinco pessoas que lhe ensinaram alguma coisa valiosa.

3. Lembre três amigos que ajudaram você em momentos difíceis.

4. Pense em dez pessoas que fizeram você se sentir amado e especial.

5. Pense em doze pessoas com quem você gosta de estar.

Mais fácil este? Imagino que sim.

Sabe por quê? Simples: porque as pessoas que fazem diferença nas nossas vidas não são as que têm mais dinheiro, prêmios ou credenciais.

As pessoas mais importantes da nossa vida são as que se importam conosco.

É exatamente por este motivo que o Natal deveria ser tão comemorado. Não pelo dinheiro, 13º, presentes, viagens ou ceias.

O [verdadeiro] Natal deveria ser tão comemorado porque ele faz diferença: ele conta a história de alguém que se importou conosco. Mais do que isso, no Natal não só ouvimos falar de alguém que se importou conosco – no Natal nósrecebemos Aquele que se importou conosco.

Aliás, é exatamente isso o que chamamos de “espírito natalino”: o sentimentoespirituoso (alegre) pelo dia natalício (nascimento) de alguém. Percebeu? Espirituoso... natalício... Temos um espírito alegre porque alguém nasceu para nós.

Esse alguém se importou tanto conosco que nasceu para que pudéssemos nascer de novo. Fez-se pobre para que pudéssemos ser ricos. Fez-se servo, para que pudéssemos ser filhos. Teve sede para que pudéssemos ser saciados com a água da vida. Foi abandonado para que pudéssemos ser adotados. Foi feito pecado, para que fôssemos tornados santos. Morreu para que pudéssemos viver.

Isso faz sentido para você? Faz sentido que você tem um Deus que se importou a tal ponto que se humilhou para que você fosse salvo? Faz sentido que, sem Jesus, você é um pecador perdido e condenado, e que, com Ele, você é um rico e bendito filho de Deus?

Se faz, então não importa muito o dinheiro, os presentes, a Ceia ou as viagens.

Natal é mesmo importante porque nele sentimos na pele e no coração que Deus se importa conosco.

As pessoas mais importantes da nossa vida são aquelas que se importam conosco. E o Natal nos ensina que Jesus, o Deus-homem-conosco, está no topo desta lista.

No teste de Natal, Jesus é sempre o mais importante e o que mais se importa. Disparado.

P. Julio Jandt

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O Natal dos estrangeiros

reis-magosNunca houve tantos refugiados e imigrantes no planeta, gente que foge de seus países de origem, que busca proteção das guerras, perseguições, pobreza, fome, catástrofes e de outras situações de dor. Aproximadamente 175 milhões. Este número assustador tende a crescer e complicar ainda mais a situação nas fronteiras e na vida das grandes cidades. E o Brasil tornou-se porta de salvação a milhares destes sobreviventes: sírios, colombianos, angolanos, congoleses, senegaleses, haitianos e outros. Algumas entidades governamentais, civis e religiosas amenizam o sofrimento desta gente que ainda precisa enfrentar preconceito, indiferença e injustiças, mas a realidade é preocupante - aos menos para aqueles que se importam com a desgraça alheia.

Se o primeiro Natal fosse hoje, o casal do Presépio poderia ser haitiano procurando lugar para passar a noite e a criança divina nascendo sob uma marquise de uma rua cheia de gente ausente, preocupada com as compras e o limite do cartão de crédito. E a estrebaria da indiferença com o infortúnio dos outros provocando tristeza daquele que disse: “Pois eu estava com fome e vocês não me deram comida; estava com sede e não me deram água; era estrangeiro e não me receberam na sua casa” (Mateus 25.42,43). Não é por nada que a Bíblia tanto defende a vida dos que estão longe de casa: Não maltratem os estrangeiros que vivem na terra de vocês (Levíticos 19.33); Deus ama os estrangeiros que vivem entre nós e lhes dá comida e roupa.  Amem esses estrangeiros, pois vocês foram estrangeiros no Egito (Deuteronômio 10.18,19); Maldito seja aquele que não respeitar os direitos dos estrangeiros (Deuteronômio 27.19); O SENHOR protege os estrangeiros que moram em nossa terra (Salmo 146.9); Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e recebam os estrangeiros nas suas casas (Romanos 12.13). E porque devemos ajudar esta gente? A própria Bíblia responde: Lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo (1 Pedro 2.11).

Marcos Schmidt

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Novo Hamburgo, 6 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

“Eis aí vem o teu Rei”

Por Elvio Figur

O Advento revive a vinda de Jesus e as expectativas que cercam o Natal. Nesse tempo de espera, a igreja se renova na expectativa do anuncio; ‘Eis aí vem o teu Rei, manso e humilde sobre o lombo de um jumentinho’.

A igreja se levanta e canta com aqueles que tiveram o privilégio de saudar o ‘rei que vem’ pessoalmente dizendo ‘Hosanas ao Filho de Davi’.

Naquele tempo, toda a Jerusalém se alvoroçou...

Como o mundo de hoje que se alvoroça com tanta facilidade.

hosted2.ap_.org-152É o que acontece por estes dias com a morte do ator Roberto Gómes Bolaños, o intérprete de ‘Chaves’ e do Herói super atrapalhado ‘Chapolin Colorado’.

A internet multiplica essa comoção e esse alvoroço criando nos internautas a sensação ou impressão que, de alguma forma, ele faz parte desse sucesso todo, dessa fama...

O torcedor atleticano que foi ao estádio ver a final da Copa do Brasil no ultimo dia 26 de novembro, por exemplo, vai, por anos seguidos, poder dizer com orgulho ‘Eu estive lá!’; ‘Eu ví o Atlético ser, pela primeira vez, campeão da Copa do Brasil’.

Quem foi ou é fã de ‘Chaves’ ou de ‘Chapolin Colorado’, vai homenagear por anos o ídolo dizendo, talvez; ‘Oh, e agora? Quem poderá me ajudar?’

Ainda que em tom de brincadeira, a pergunta poderá voltar mais tarde quando o médico disser; ‘A situação é grave’. Ou quando o patrão disser; ‘Está despedido’. Ou pior, quando nossa vida estiver perto do fim... ‘Quem poderá nos ajudar?’

Em busca de respostas o mundo se inspira em seus heróis, seus ídolos, ou seu times. E a sensação é; ‘Se eles podem então eu também posso!’

Essa sensação, de querer tudo que se imagina como direito, é pura ilusão. Estar no estádio ou em um show dá a ilusão de que se faz parte da história, do sucesso, ou da vida dos jogadores, clubes, atores ou cantores. Mas, no dia seguinte, ou quando um imprevisto acontece, o que fazer com a ilusão¿ ‘Quem poderá nos ajudar’ quando se fecham as cortinas e termina o espetáculo¿

jesus e a jumentaA multidão que seguia Jesus alvoroçava-se pois tinha naquela figura humilde sobre o jumentinho, uma esperança que poderia alimentar suas ilusões. Eles cantavam Hosanas... Mas parece que se decepcionaram ... Não era o rei que esperavam e, na semana seguinte, certamente muitos daqueles estavam entre aquela outra multidão que gritava ‘Crucifica-o...’

Aquele sujeito sobre o lombo de um jumentinho era aquele herói humilde, meigo, gentil, brando... Um herói que se humilha, enfraquece... Uma espécie de ‘anti-rei’, ou ‘anti-herói’ como os personagens de Bolaños...

Ele é aquele Rei que somente o suspiro de desespero é capaz de aspirar; ‘Lembra-te de mim quando entrares no teu reino’. Assim, sem alvoroço, sem terremotos, sem efeito de luzes...

Essa é a ocasião de real encontro do ser humano com o seu Rei. Um Rei que esvazia-se de toda a glória e autoridade. E só assim os ‘pequeninos’, os fracos e abatidos, podem aproximar-se se medo e com um suspiro de fé; ‘Lembra-te de mim...’ E o Senhor não apenas lembra. Mas ele pode dizer com toda a autoridade; ‘Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso’.

Diante da pergunta inevitável; ‘Quem poderá me ajudar’, ouve-se a voz profética que diz; ‘Eis aí vem o teu Rei, Justo e Salvador!’

E não se trata de ilusão. Trata-se de Esperança, Confiança, Fé, Arrependimento, Conversão...

Infelizmente o mundo não reconhece o ‘Reino de Cristo’, e por isso não lhe rende o louvor que só ele merece.

1484e7419554b44ba6bdb3b8c2ec8456Esse mundo até se Alvoroça no período do Natal, mas é um alvoroço Vazio, Ilusório... Falta-lhe o essencial. Falta-lhe colocar-se ao lado do malfeitor na Cruz, esperar confiante pela resposta de nosso herói ao suspiro de desespero e confiança; ‘Lembra-te de mim...’

Falta-lhe reconhecer sua dependência e deixar de lado o orgulho para ouvir a voz que anuncia; ‘Eis aí vem o teu Rei!’

O advento Revive a encarnação do Verbo divino. E nesse tempo de espera, a igreja se alegra e se renova na expectativa do anuncio; ‘Eis aí vem o teu Rei, justo e Salvador!’ E ela faz isso ‘Vivendo e anunciando o que o Senhor tem feito na Vida, a partir da Graça de Deus!’

‘Eis aí vem o teu Rei!’ Esse é o anuncio que a igreja faz ao mundo que jaz perdido em seu alvoroço natalino carregado de ilusões.

FICA A DICA: NÃO FUI EU!

aaa     É incrível como não sabemos lidar com a culpa. Ela tortura, pesa e massacra. Mesmo assim, preferimos anestesia-la com morfina barata: “não fui eu”. A culpa é quase sempre do outro. Se briguei é porque a outra pessoa estava errada, se o casamento não deu certo é porque a esposa estava errada, se não gosto de louvar a Deus e ouvir sua Palavra no culto é porque os bancos são duros, se fui mal na escola é porque a professora é chata. Sempre a culpa é do outro. A morfina barata tenta fazer adormecer a consciência que berra e atormenta.

    Não fui eu, foi ele. Exatamente assim começou a vida depois da primeira desobediência a Deus. Depois de tentar se esconder de Deus por ter caído em pecado, Adão foi questionado pelo Senhor: “Por acaso você comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer?” (Gênesis 3.11). Se banhando nesta morfina barata, Adão logo responde: “A mulher que me deste para ser a minha companheira me deu a fruta, e eu comi” (Genesis 3.12). Não fui eu, foi ela. Grande Adão! Mas não para por aí. Deus também perguntou à mulher porque ela desobedeceu. E adivinha se a Eva assumiu a culpa? “A cobra me enganou e eu comi” (Gênesis 3.13). Também não fui eu! Grande Eva! Se embebedou com a morfina barata que tenta aliviar a consciência!

    A humanidade não sabe lidar com a culpa. Eu não sei. Você não sabe. É fácil viciar-se na morfina barata de apenas dizer “não fui eu”. Mas eu gostaria de lhe oferecer um bálsamo verdadeiro, não uma morfina barata: “E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu” (Isaías 53.4-5). Jesus. Ele assumiu a minha culpa, a sua culpa. Pagou por ela. Morreu e ressuscitou. Garantiu perdão ao arrependido. Ensinou a olhar a culpa de frente e dizer: “Fui eu. Me perdoe”. Dizer isto ao próximo. Dizer isto a Deus!

    Então fica a dica: eu e você não sabemos lidar com a culpa. É difícil enfrentar e confessar este sentimento. Fácil é dizer “não fui eu”. Aliás, até mesmo autoridades políticas do nosso Brasil adoram esta morfina barata chamada “não sei de nada”. Deixe sua culpa ser tratada pelo bálsamo da Vida: Jesus. Nele há perdão e recomeço. Nele aprendemos a enfrentar a culpa. Pedir perdão e perdoar. Esta é a fé cristã!

Pastor Bruno A. Krüger Serves - Congregação Evangélica Luterana Cristo, Candelária-RS

Barganha na política e na religião

1643Duas frases são usadas para descrever a barganha. Uma delas diz: “É dando que se recebe”. A outra: “Toma lá da cá” A primeira faz parte da oração de São Francisco de Assis. Tem um tom mais bonito, religioso e até mesmo generoso. A segunda já revela algo mais explosivo, mas vingativo, desordeiro.

Estas duas expressões foram usadas para descrever a atitude da base aliada no congresso, que afirmou que aprovaria algumas emendas, somente se fosse aprovado a diminuição da expectativa de superávit primário, aparentemente para fazer de conta que as coisas não estão tão mal. Indiretamente eles dizem que somente vão aprovar outras leis de interesses gerais, se esta primeira for aprovada. Ou seja: um “toma lá, da cá”; ou “é dando que se recebe”. Nada de novo quando o assunto é políticagem, com seus meandros e interesses.

Porém, apesar de dolorido, preciso lembrar que no relacionamento com Deus, muitas pessoas e inclusive aqueles que se intitulam religiosos ou mestres, igualmente trabalham neste sentido. Usam a lógica humana para regimentar a relação e inclusive a ação de Deus. Então, baseados nesta filosofia, orientam cerimônias e esquemas para acalmar a divindade, uma oferta aqui, um sacrifício lá, uma promessinha ali, uma doação acolá, como se Deus precisasse dos nossos favores, ou como se fosse um menino dengoso que só ajuda quando ajudado.

Pois leiam o que está escrito em Is (1.11-13): O Senhor diz: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; (...) pois os pecados de vocês estragam tudo isso. (Is 1.11-13).

Deus não age por meio de barganha, mas por meio da sua graça (Ef 2.8-9). A graça é um diferencial divino. Não é a toa que se diz que errar é humano, mas que perdoar é divino! Deus age não motivado pelo poder de barganha, não é motivado pelo que o homem fez ou deixou de fazer. Ele é motivado pelo seu amor incondicional. E o amor é exatamente o modo pelo qual ele deseja que nos relacionemos. Nossa relação com Deus deve ser por meio da fé ativa no amor. (Gl 5.6).

Mas como podemos amar a Deus? O único jeito de amar verdadeira e concretamente a Deus é amando as pessoas em suas necessidades. (1 Jo 4.20) Neste momento não deve prevalecer um “toma lá da cá”, nem um “dando que se recebe”, mas muito antes, a frase atribuída a Jesus ao dizer: “melhor é dar do que receber!” (At 10.35).

Na perspectiva com Deus, funcionaria uma lógica inversa as frases iniciais. Isto é, antes de dizer, “é dando que se recebe”, valeria bem mais dizer: “é recebendo, que se aprende a dar” – pois efetivamente “nós amamos porque Deus nos amou primeiro!” (1 Jo 4.19).

Pastor Ismar L. Pinz

Comunidade Luterana Cristo Redentor

Pelotas, RS