sábado, 26 de abril de 2014

SÓ VEJO ACREDITANDO

SÃO TOMÉ Há coisas que, de tão bárbaras e bestiais, tornam-se difíceis de acreditar. Como o caso do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, de Três Passos, RS, brutalmente assassinado. Os suspeitos: uma assistente social e, pasme, o pai e a madrasta do menino.

E há outras notícias que, de tão incrivelmente boas, também duvidamos.

“O governo decidiu diminuir a carga tributária pela metade” e “Foi descoberto um remédio que impede que se tenha qualquer tipo de câncer” ‒ dá para acreditar?

Por essas e outras dá para imaginar o que se passou no coração de Tomé após a ressurreição do Salvador Jesus. Tomé, com seu famoso “só acredito vendo”, agiu como qualquer um de nós agiria. E não esteve sozinho nisso. Repare nesse relato do evangelista Marcos: “Mais tarde Jesus apareceu aos Onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto” (Marcos 16.14). Sua dúvida não era maior do que a dos outros apóstolos. E, por isso, ele também queria ter o mesmo direito dos outros: ver.

Não, eu não estou defendendo Tomé. Ele deveria ter acreditado. E Jesus também o censurou por não acreditar. Mas a verdade é que todos eles demonstraram alguma falta de fé. E só creram quando viram.

Ou seja, devemos tirar o dedo apontado para Tomé e o apontarmos para nós mesmos. Como nós reagiríamos diante de uma notícia tão extravagante, de alguém que estava morto e voltou a viver? Sim, é verdade que Jesus havia predito tudo isso ‒ e, além do mais, incredulidade não é digna de louvor. Mas também não dá para pensar que nós somos tão diferentes assim. No fundo, todos nós queremos ver para crer. Mudam apenas os sinais.

É muito fácil ter fé quando tudo está bem, quando não existem problemas, quando todas as coisas estão no lugar certo, de preferência com bastante dinheiro, boa saúde e uma família “perfeita”. Mas e quando as coisas vão mal? É aí que a dúvida faz conosco o que fez com Tomé: “Se Deus não mudar para melhor a minha situação, não acreditarei nele”. Ou: “A menos que Deus me dê o que quero, não crerei nele”.

A exemplo de Tomé, temos as nossas fraquezas. Mas o princípio de Jesus permanece: “Felizes os que não viram e creram” (João 20.19).

Ver para crer é bem humano. Mas crer para ver é divino.

E, se é divino, só Deus pode fazer. Palavra e Santa Ceia são os meios que Ele usa. E a fé que Ele quer dar e fortalecer é sincera, autêntica, humilde. Fé como a daquela criança doente que estava de quarentena no sótão de sua casa.

Seu avô sempre a visitava antes de ir trabalhar. Numa destas visitas, a criança apontou para o canto do quarto onde estava escrito com os seus brinquedinhos: “Vô, quero uma caixa de pintura”. O avô leu atenciosamente e saiu para trabalhar. Ao regressar à noite, foi ao quarto. Ao entrar, viu algo estupefato. Como antes, a neta formou uma frase que dizia: “Obrigada pela caixa”. Ela não viu a caixa, não viu o avô cumprindo o seu desejo, mas creu ingênua e puramente. Creu e seu avô, no outro dia, deixou no seu quarto a caixa de pintura desejada.

Essa criança, Tomé, eu e você somos iguais: no que depender de nós, queremos ver. No que depende de Deus, Ele nos faz crer.

Por isso, só vejo acreditando.

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Seguir a Cristo na ressurreição

jesus ii“Juntamente com Cristo, Deus nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. (v. 6)

Se crêssemos nisso, seríamos felizes na vida e na morte. Pois essa fé nos faria compreender claramente que Cristo não ressuscitou apenas para si mesmo, mas que estamos tão ligados a ele que sua ressurreição vale também para nós e que também nós estamos incluídos no “ele ressuscitou”. E, por causa e por meio dela, também nós temos que ressuscitar e vier com ele eternamente. Isso significa que nossa ressurreição e vida em Cristo já começou, e é tão certa como se já tivesse acontecido, com o detalhe de que ainda está oculta e ainda não foi manifestada. Doravante, devemos levar esse artigo tão a sério a ponto de todas as outras coisas que vemos, perderam seu valor diante daquilo, como se, em todo o universo, víssemos apenas aquilo e nada mais. Assim sendo, ao ver um cristão morrer e ser enterrado, seus olhos e ouvidos nada perceberão a não ser morte. Mas, pela fé, você verá em e sob aquele quadro um panorama diferente. Será como se estivesse vendo, não uma sepultura, mas vida pura e um lindo jardim primaveril, ou uma campina verdejante, onde só há pessoas novas, vivas, felizes.

Pois se é verdade que Cristo ressuscitou dos mortos, então já temos o melhor e mais importante da ressurreição, de sorte que, comparado com isso, a ressurreição do corpo, que ainda está no futuro, deve ser considerada coisinha de nada.

(Martinho Lutero - Mensagens do Castelo Forte)

domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa 2014

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FASCINADO PELA VERDADE

devocional-verdade-sinceridade-mentiraÉ impressionante o fascínio que a mentira causa em nós.

Quem nunca se escandalizou com uma “notícia” (leia-se “fofoca”) sobre alguém e então descobriu que aquilo não era verdade?

Isso vale também para as “novidades” referentes a fatos antigos. Um exemplo é o estrago causado por Dan Brown com “O Código Da Vinci”. Sem dó nem piedade ele fez muita gente balançar (e até cair da fé!) com a afirmação de que Jesus tivera um caso com Maria Madalena e, inclusive, filhos com ela.

Depois veio o tal papiro, em língua copta, descoberto em 2012, afirmando que o próprio Jesus dissera que tinha uma mulher.  Estudos demonstraram que o papiro não é falsificado, o que deixou muita gente de cabelo em pé.

Mas ‒ calma lá ‒ declarar a autenticidade do papiro não é declarar a autenticidade do conteúdo do papiro. Em outras palavras, o papiro pode e talvez seja antigo mesmo. Mas o que ele contém não quer dizer que é verdade só porque é antigo. Até porque o autor do tal papiro nem conheceu pessoalmente Jesus. E não é porque Dan Brown escreve algo que desperta curiosidade nem por escrever de forma hábil que deve ser levado em consideração.

Aliás, houve outra informação, que, mesmo sendo bem antiga, não passou de uma farsa. É aquela informação que sacerdotes judeus pediram que fosse espalhada pelos soldados, no dia da ressurreição de Jesus. Sabendo que o túmulo estava vazio, pediram aos soldados que espalhassem a “notícia” de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus. Rolou até uma grana para a notícia circular! Está lá, na Bíblia, em Mateus 28.11-15.

O fato de ser tão antiga quanto a ressurreição não torna essa notícia verdadeira. A ressurreição que, inclusive, foi vista pelos discípulos, por mulheres e por mais de 500 pessoas (1 Coríntios 15.6).

A verdade, diga-se, é essa inquietação humana por algo que contrarie, por algo que soe “diferente” e “bombástico”, por revelações que chamem a atenção. O apóstolo Paulo já tinha falado sobre isso na sua carta a Timóteo, alertando que não faltariam pessoas que se desviariam da verdade, fazendo afirmações categóricas sem prova alguma, causando controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, “que é pela fé” (1 Timóteo 1.4).

Graças a Deus, contudo, a verdade ainda tem prevalecido sobre as invenções humanas. Nem o tal papiro nem a geniosa imaginação de Dan Brown derrubarão fatos. O que aquelas testemunhas oculares da ressurreição viram e propagaram, ninguém derruba. Contra fatos não há argumentos. É digno de nota, inclusive, que até um historiador judeu ‒ e até onde sabemos não seguidor de Cristo ‒ Flávio Josefo, declarou a ressurreição um fato consumado.

Mas aí, obviamente, voltamos ao campo da fé. Sim, da fé que acredita em impossíveis, que espera pelo inesperado, que tem certeza dos fatos que não podem ser vistos.

É pela fé ‒ um dom de Deus ‒ que acreditamos no relato que Ele mesmo preservou sobre a vida e a obra de Jesus, seu Filho amado. É pela fé [e unicamente pela fé] que a nossa vida tem um porquê. E é pela fé [ainda] que podemos comemorar a Páscoa com a certeza de que Jesus realmente venceu a barreira da morte, e vence a barreira da nossa morte também.

É bem melhor viver fascinado pela verdade que produz esperança.

Feliz Páscoa!

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé

sexta-feira, 18 de abril de 2014

As Sete Palavras de Cristo na Cruz - Sexta-Feira Santa

2503952618_ab1a0ea5c7“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Lc 23.34

Apesar dos sofrimentos, insultos e zombarias, Jesus pregado na cruz, orava ao Pai Celeste pedindo perdão para aqueles que o matavam. Ao insulto Jesus responde com oração. Ao ódio com amor. À vingança com perdão. Enquanto derrama seu sangue, Cristo suplica ao Pai que tenha misericórdia, graça e perdão daqueles que o estão levando à cruz. E Jesus pede não apenas que tenha pena daquelas pessoas, mas de todos nós. Somos desafiados a seguir o exemplo de Jesus orando em favor dos que nos perseguem e maltratam e perdoando aqueles que nos ofendem.

“Hoje você estará comigo no paraíso”. Lc 23.43

Um dos malfeitores pregado na cruz ao lado de Jesus, arrependido suplica: "Lembra-te de mim quando entrares no teu reino". Cristo, ouvindo o clamor de um pecador arrependido, não impõe condições, mas prontamente atende o pedido e lhe promete: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso".

“Mulher, eis aí o teu filho. Eis aí tua mãe.” Jo 19.26,27

Com os olhos banhados em lágrimas, preocupada com o seu futuro, Maria aguarda uma última palavra do seu filho. Não é possível imaginar quanta dor esta mãe sentia por ver seu filho pendurado na cruz. Em meio aos sofrimentos, carregando o peso do pecado do mundo inteiro, Cristo ainda se lembra de providenciar um lar para sua mãe. Daquela hora em diante o discípulo João a levou para casa. Assim, Jesus nos ensina a honrar nossos pais e a providenciar ajuda aos sofredores e desassistidos.

“Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” Mt 27.46

Sentindo a dor e o peso do pecado, os horrores do inferno, o aguilhão da morte, Jesus exclama: Deus meu, Deus meu! A razão deste brado de desamparo são os nossos muitos pecados pelos quais Cristo sofreu. Por este desamparo, nós agora estamos amparados pela bondosa mão do amado Pai celestial.

“Tenho sede”. Jo 19.28

Jesus sentiu todas as necessidades do ser humano. Mesmo sendo Senhor sobre todas as coisas, foi privado de muitas delas. A boca seca indicou que Cristo se aproximava de sua morte. Que pena! Aquele soldado teve uma oportunidade inédita de saciar a sede do salvador do mundo e a desperdiçou. Hoje há muitos sedentos à nossa volta. Sedentos de água mesmo e sedentos da palavra de Deus.

“Está Consumado” Jo 19.30

A obra salvadora de Jesus agora estava pronta. Ele havia libertado a humanidade das chamas do fogo do inferno. Jesus foi obediente ao plano que Deus tinha para salvar o mundo. Agora Cristo era vitorioso sobre a morte, o pecado e o inferno. As palavras: "Esta consumado, em grego é tetélestai, que significa: Está pago. A Dívida que eu e você tínhamos com Deus foi paga por Cristo na Cruz.

“Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito” Lc 23.46

O caminho de Jesus até a morte foi horroroso. Sofreu grandes dores, foi pregado na cruz, morreu entre bandidos. Mas o momento da morte foi maravilhoso. Depois de tudo consumado, Cristo pôde dizer: Pai nas tuas mãos entrego o meu espírito. Nós também vamos morrer. Mas é só por causa morte de Cristo, que podemos morrer em paz. Porque Cristo morreu para matar a morte. E a Páscoa mostra que Ele conseguiu.

Reflexão de Contrição e Arrependimento

Senhor meu Deus, dia e noite a tua mão pesa sobre mim. Ouve meus clamores, vê minha aflição e minha dor e perdoa-me todos os meus pecados. Ajuda-me a saber que em ti há misericórdia e abundante graça, e faz-me sentir a vivência da paz em meu coração, produto do perdão de todos os meus pecados. Mostra-me o teu amor e concede-me a tua salvação. Reconheço sinceramente que pequei contra ti em pensamentos, palavras e ações. Justo e necessário é reconhecer, pois a tua Palavra me diz: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmo nos enganamos, e a verdade não está em nós. Mas se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para anos perdoas os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.8). Estou arrependido de todos os meus pecados. Verdadeiramente precisa me arrepender, a exemplo de outros pecadores, como Davi, que pediu um coração limpo; como Pedro, que chorou amargamente sua negação a Jesus. Creio que tu perdoarás todos os meus pecados somente por graça e pelos méritos de Jesus Cristo. Bem-aventurados os que crêem que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Prometo também, com a ajuda do Espírito Santo, melhorar a minha vida daqui para frente. É necessário que eu faça isto, pois Jesus disse: “Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu” (Mt 5.16). Ouve-me e perdoa-me, por amor de Jesus Cristo. Amém

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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Você pertence ao CLUBE DOS 99?

1Era uma vez um rei muito rico. Tinha tudo. Dinheiro, poder, conforto, centenas de súbditos. Ainda assim, não era feliz.

Um dia, cruzou com um de seus criados, que assobiava alegremente enquanto esfregava o chão com uma vassoura. Ficou intrigado. Como ele, um soberano supremo do reino, poderia andar tão cabisbaixo enquanto um humilde servente parecia desfrutar de tanto prazer?

- “Por que você está tão feliz?”, perguntou o rei.

- “Majestade, sou apenas um serviçal. Não necessito muito. Tenho um teto para abrigar minha família e uma comida quente para aquecer nossas barrigas”.

O rei não conseguia entender. Chamou então o conselheiro do reino, a pessoa em que mais confiava.

- “Majestade, creio que o servente não faça parte do Clube 99″

- “Clube 99? O que é isso?”

- “Majestade, para compreender o que é o Clube 99, ordene que seja deixado um saco com 99 moedas de ouro na porta da casa do servente”.

E assim foi feito.

Quando o pobre criado encontrou o saco de moedas na sua porta, ficou radiante. Não podia acreditar em tamanha sorte. Nem em sonhos tinha visto tanto dinheiro.

Esparramou as moedas na mesa e começou a contá-las.     

-”…96, 97, 98… 99.”

Achou estranho ter 99. Achou que poderia ter derrubado uma, talvez.

Provavelmente eram 100. Mas não encontrou nada. Eram 99 mesmo.

Por algum motivo, aquela moeda que faltava ganhou uma súbita importância.

Com apenas mais uma moeda de ouro, uma só, ele completaria 100. Um número de 3 dígitos! Uma fortuna de verdade.

Ficou obcecado por completar seu recente patrimônio com a moeda que faltava.

Decidiu que faria o que fosse preciso para conseguir mais uma moeda de ouro.

Trabalharia dia e noite. Afinal, estava muito perto de ter uma fortuna de 100 moedas de ouro. Seria um homem rico com 100 moedas de ouro.

Daquele dia em diante, a vida do servente mudou.

Passava o tempo todo pensando em como ganhar uma moeda de ouro. Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a

família que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro. Parou de assobiar enquanto varria o chão. O rei percebeu essa mudança súbita de comportamento e chamou seu conselheiro.

- “Majestade, agora o servente faz, oficialmente, parte do Clube 99″.

E continuou:

- “O Clube 99 é formado por pessoas que têm o suficiente para serem felizes, mas mesmo assim não estão satisfeitas. Estão constantemente correndo atrás desse 1 que lhes falta. Vivem repetindo que se tiverem apenas essa última e pequena coisa que lhes falta, aí sim poderão ser felizes de verdade.

Majestade, na realidade é preciso muito pouco para ser feliz. Porém, no momento em que ganhamos algo maior ou melhor, imediatamente surge a sensação que poderíamos ter mais. Com um pouco mais, acreditamos que haveria, de fato, uma grande mudança. Só um pouco mais. Perdemos o sono, nossa alegria, nossa paz e machucamos as pessoas que estão a nossa volta. E o pouco mais, sempre vira… um pouco mais. O pouco mais é o preço do nosso desejo.”

E concluiu:

    “Isso, Majestade… é o Clube dos 99"

 

(Autor desconhecido)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Páscoa 2014

Mensagem da Diretoria Nacional para a Páscoa 2014

FICA A DICA: Falta a bola, a carne e a erva

20101029094414_bola_gol1024Imagine uma partida de futebol sem a bola. Imagine um baita churrasco sem carne. Imagine você esquentar a água e preparar um chimarrão sem erva. Estranho, não é mesmo? Não há sentido nestas palavras. Foi tirado delas o principal: a bola, a carne, a erva. Tudo fica sem sentido.

Assim é a páscoa que se aproxima. Afinal, vivemos em tempos onde se comemora a tradição. Só isto. A tradição de comer peixe na sexta-feira santa. A tradição de preparar ninhos cheios de doces, casquinhas e muito, muito chocolate. Sem falar na tradição do coelhinho da páscoa. Isto não é errado. É maravilhoso! É uma tradição passada de geração a geração. As melhores lembranças de páscoa, aquelas lá da infância, certamente estão relacionadas a estas tradições. Mas é tradição. Apenas tradição.

Lembra do futebol sem bola, do churrasco sem carne ou do chimarrão sem erva? Assim é a tradição da páscoa sem Jesus. Pode até ser bonita, mas falta o principal. Falta Jesus, morto e ressuscitado. Ele dá sentido à páscoa, dá sentido à vida, transforma com o seu perdão. “Jesus foi entregue para morrer por causa dos nossos pecados e foi ressuscitado a fim de que nós fôssemos aceitos por Deus” (Romanos 4.25). Aí está o centro da páscoa. É a morte e ressurreição de Jesus.

Então fica a dica: viver a páscoa sem Jesus é como jogar futebol sem bola, é fazer churrasco sem carne, é preparar chimarrão sem erva. Falta o principal, perde-se o sentido. Páscoa é um bom momento para um recomeço, para pedir que Cristo dê sentido à vida e nos transforme com seu perdão e amor incondicional. Vá a um culto cristão de páscoa! Eu e minha família desejamos uma feliz páscoa a todos! Claro, feliz páscoa cristã.

Pastor Bruno A. Krüger Serves

Coluna Fica a Dica, Jornal Folha de Candelária.

terça-feira, 15 de abril de 2014

O eclipse da cruz

somnium_eclipse_smO eclipse da Lua me fez pensar na Páscoa. Não presenciei, era madrugada, mas aconteceu como naquela alvorada há dois mil atrás. A Terra cruzou entre o Sol e a Lua e por alguns instantes escondeu-a na penumbra. Cristo atravessou a morte e nós fomos ressuscitados com Ele, diz a carta bíblica. E agora a nossa vida está escondida com Cristo (Colossenses 3.1-4). Foi o profeta quem afirmou que Jesus é o sol da justiça (Malaquias 4.2). Sol que se fez Terra para nos esconder dos raios causticantes da retidão divina. Se naqueles tempos sem Galileu não imaginavam que a Lua gira ao redor da Terra e a Terra ao redor do Sol, sabiam, porém, que todas as coisas se movem em torno do poder de Cristo, porque Deus "trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra como no céu" (Colossenses 1.20).

Por isto o eclipse da cruz. E o contraditório quando a Bíblia diz que Deus queima como o Sol e protege como escudo (Salmo 84.11). Seria um bloqueador solar? O rei Davi não tem dúvidas. Com o lombo ardido, reclamou: "Estou muito doente, queimando em febre" (Sl 38.7). Experimentou isto na teimosia de andar sem camisa e protetor - em pecados e orgulho: "De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão" (Sl 32.4). Arrependido e perdoado, confessou: "Na sombra das tuas asas encontramos proteção" (Sl 36.7).

Sim, na sombra da cruz. Diz o evangelista Lucas que "mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde (...) Aí Jesus gritou: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!". Eram os nossos pecados entre o sol e a terra, entre Deus e Jesus. Era a lua de sangue, sangue vertido na cruz. João estava lá na sombra da cruz, viu a Páscoa, e confirma: "A luz brilha na escuridão e a escuridão não conseguiu apagá-la" (João 1.5).  

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

CPT 18 - Simbologia

CapturarVivemos cercados por símbolos, sinais e marcas que possuem significados e comunicam algum conteúdo. Saiba mais sobre os símbolos e a simbologia.

domingo, 13 de abril de 2014

PISCADINHA DE DEBOCHE x OLHAR DE AMOR

3abr2014---arthur-morgan-iii-pisca-para-os-fotografos-enquanto-e-conduzido-para-a-cadeia-apos-ser-considerado-culpado-pela-morte-da-sua-filha-tierra-morgan-glover-no-tribunal-superior-do-condado-de-1396570626750_956x500Uma piscadinha de deboche.

Foi o que fez Arthur Morgan III, de Nova Jersey, nos EUA, condenado por atirar dentro de um rio a sua filha de 2 anos de idade. A menininha, ainda presa à cadeirinha do carro, foi jogada à água junto com um macaco de trocar pneus, para garantir que afundasse. É de estarrecer: o pai matou a própria filha para se vingar da mãe, que havia rompido o noivado.

Enquanto deixava o tribunal, Morgan olhou para as câmeras e deu uma piscadinha de deboche. Os parentes da vítima caíram em lágrimas ao ver a cena.

A Bíblia relata, não uma piscadinha, mas um olhar que também causou choro.

Jesus estava na casa do sumo sacerdote, Caifás, onde estava sendo interrogado. Era quinta-feira, horas depois de ser traído. Pedro, um dos seus discípulos mais próximos, está no pátio da casa, junto a alguns empregados de Caifás. Três pessoas, ali, “denunciam” que Pedro estivera com Jesus. O resto já sabemos: Pedro, por três vezes, nega conhecer o Mestre (chega a jurar que não!) com o qual convivera e aprendera por cerca de três anos.

Pedro é o típico exemplo da “fé bipolar” que teimamos em carregar. Em um dia estamos superentusiasmados, superanimados, supereufóricos, fazemos mil promessas, nos derretemos de emoção por Jesus; em outro nos esquecemos dele, cedemos à fraqueza e apertamos um “Del”, excluindo da nossa memória e do nosso coração tudo o que Deus já fez por nós.

Pedro foi assim. Ele havia presenciado a água virar vinho, cinco pães e dois peixes alimentarem uma multidão, inúmeras pessoas serem curadas de males do corpo e da alma, Lázaro ressuscitar... Ele vira Jesus curar até mesmo a sua própria sogra!

Mas na hora da fraqueza, Pedro, eu e você somos todos iguais. Precisamos aprender a não confiar tanto no nosso taco, mas no taco de Jesus.

Nós também negamos Jesus. Negamos quando seus preceitos viram “conveniências”, quando as coisas aqui de baixo ocupam tanto nosso tempo e atenção que esquecemos de olhar para cima, quando retaliamos e nos vingamos. Negamos quando dizemos que somos da verdade, mas mentimos; quando dizemos que Deus é amor, mas não perdoamos; quando somos pimenta e neblina, ao invés de “sal e luz”.

Nessas horas, alguém precisa dar uma olhada em nós.

Um olhar que nos comova, transforme e encoraje. Como aconteceu com Pedro.

Depois da negação e do canto do galo, Jesus, próximo o suficiente de Pedro, “voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito” (Lucas 22.61).

No original, esse olhar é “fixar os olhos”.

Só que não foi um olhar de deboche. Antes, foi um olhar de preocupação e de amor. Era como se Jesus dissesse: “Pedro, meu filho, sua fé ainda é muito fraca. Você pensa que é forte, mas precisa muito de mim. Não confie tanto em você, mas busque forças em mim, para levantar quando cair, e para não mais me negar”.

Diante das nossas negações, Jesus também dirige a você e a mim o seu olhar de preocupação e amor.

Talvez, como Pedro, choremos ao lembrar o que fizemos.

Mas o mais importante é que esse olhar nos mude por dentro e nos faça, a exemplo de Pedro, olhar para Jesus com fé, amor e gratidão por toda a vida.

 

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé

sábado, 12 de abril de 2014

Os dois ladrões

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No ano 33 d.C. a crucificação de três homens mudou o curso da história. Seus executores martelaram lhes os pulsos e tornozelos. Cena comum naquela época, e ainda falamos sobre elas hoje. Um deles morreu sentindo-se culpado e com culpa sobre si. Outro morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si. O terceiro morreu com a culpa sobre si, sem ser culpado. Vejamos as diferenças nessas mortes.

O primeiro ladrão recebeu a punição que merecia. Desprezou Jesus por Ele clamar ser a luz e a esperança do mundo, e estar pendurado como eles, sem salvar-se a si mesmo (Lucas 23:39). Ele morreu em seu pecado e com culpa sobre si.

O segundo ladrão ridicularizou Jesus e o desafiou a salvar-se e a eles também (Mateus 27:44). Mas arrependendo-se, virou para o primeiro ladrão dizendo: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós […] recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:40-43).

Essas palavras demonstram que a vida eterna é dada aos que creem em Jesus para o perdão de seus pecados. Somente a fé em Cristo determina nosso destino eterno (João 3:16-18; Atos 16:31; Romanos 4:5; Efésios 2:8,9; Tito 3:5). Ele creu em Jesus, e passou a fazer parte da família de Deus. Recebeu o Seu perdão, e o juiz dos céus retirou-lhe as culpas. Morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si.

Porém Jesus levou sobre Seus ombros a nossa culpa, sem ter cometido erro algum. Ressuscitou dos mortos três dias depois para mostrar-nos que Sua morte não fora um erro. O corpo ressurreto marcado por cravos mostrou aos discípulos que Jesus tinha tomado seus lugares na cruz. O julgamento de Deus caiu sobre Jesus e não sobre nós. Estávamos lá, porque Ele estava em nosso lugar! Crer nele faz toda a diferença! Se você ainda não o conhece como Salvador pessoal, peça a Deus para ajudá-lo a ter essa fé!” (Marcos 9:24).

Fonte; http://ministeriosrbc.org/2014/03/13/os-dois-ladroes/

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O preço da liberdade

liberdade 1 (1)Pesquisa recente mostra que a maioria dos brasileiros acredita que hoje tem mais corrupção do que no tempo do regime militar, mesmo assim não deseja a volta da ditadura. Até porque é mais fácil manter a ordem civil por um "AI 5" – ato constitucional que deu plenos poderes ditatoriais ao governo – no lugar do governo democrático. Alguns até pensam que "bom era naquele tempo" quando não havia tanta corrupção e impunidade. Lembro, no entanto, que o meu tio, pastor, foi intimado pelos militares porque reclamou dos buracos nas ruas da sua cidade. Se hoje nossas reclamações não são atendidas pelos governantes e se há decepção com a política, é preciso recusar os atalhos e seguir o caminho da ordem democrática.

Algo parecido acontece na vida cristã quando Paulo escreve que "Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres" (Gálatas 5.1). Havia um perigo eminente que o apóstolo chama de “outro evangelho”, uma ditadura religiosa na igreja da Galácia com certas regras para alguém ser um “bom” cristão.  Paulo sabia o que era viver sob a tortura da lei no tempo do seu radicalismo farisaico. Ele foi o próprio carrasco: “Era tão fanático que persegui a igreja” (Filipenses 3.6). Por isto as palavras: “Continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente” (Gálatas 5.1) ao tratar da fé em Jesus que faz a pessoa experimentar a alegria da liberdade nos direitos e deveres do amor ao próximo.

É claro, política e religião são pratos que não se misturam, e por isto tanta indigestão. No caso da religião que se fundamenta na liberdade cristã, tão defendida pelo apóstolo Paulo, ela tem muito a oferecer para uma nação que busca a ordem civil, as boas relações, a estrutura familiar, o trabalho, a honestidade, o respeito às autoridades – estas coisas básicas da vida humana. Foi o mesmo Paulo quem disse depois de recomendar a ordem política: “Quando as autoridades cumprem os seus deveres, elas estão a serviço de Deus” (Romanos 13.6).

Marcos Schmidt - pastor luterano

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

3 de abril de 2014