sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A PEGADINHA DE CHIQUINHO SCARPA

bentleyA pegadinha de Chiquinho Scarpa deu certo.

O autointitulado “conde” havia anunciado que faria como os faraós: enterraria no jardim de casa o seu tesouro – seu Bentley novo, um carro de cerca de R$ 1 milhão de reais. Até a imprensa compareceu. Mas na hora derradeira, Chiquinho mandou parar tudo e pediu a todos que entrassem em sua casa: “Gostaria de falar algumas coisas antes do enterro. Acharam um absurdo, disseram que estou louco, que era um desperdício. Mas a verdade é que tem gente que enterra algo bem mais valioso, coração, rim, seus órgãos. Isso, sim, é um absurdo. O que poderia salvar a vida de várias pessoas. Eu sou doador, e você, é?”

De fato, faz a gente pensar. Também sou um doador e gostaria que meus familiares soubessem e respeitassem essa decisão. Por que se negar a um último ato de amor que pode trazer qualidade de vida a tanta gente? Se é verdade que a fila de espera diminuiu 40% nos últimos cinco anos, também é verdade que ainda temos quase 40 mil pessoas aguardando na fila por um transplante. Por que enterrar algo que pode ajudar a promover a vida?

Indo além, precisamos pensar também nos outros “enterros” que andamos fazendo. Não falo do Bentley do Scarpa nem dos nossos tão valiosos órgãos corporais. Estamos enterrando preciosidades e, com elas, nos autoenterrando.

Por que enterrar...

... o tempo virtualmente se ele pode ser utilizado realmente?

... uma palavra amiga para quem está desorientado?

... o ombro que precisa ser dado àquele que chora?

... a mão que pode ajudar alguém a se levantar?

... a consciência usando a desculpa do “prazer”?

... o sexo nas larvas da podridão da promiscuidade?

... o corpo com aquilo que só o prejudica?

... o médico e só desenterrá-lo depois de um grande susto?

... o dinheiro em coisas ao invés de investi-lo em pessoas?

... o nome de Deus em falcatruas e promessas que não serão cumpridas?

Por que tentar enterrar as coisas espirituais infinitas para ficar apenas com as materiais finitas?

Com tudo isso, estamos promovendo o nosso próprio enterro. E a única coisa que pode nos desenterrar é o poder de Deus, o seu evangelho. Esse evangelho – a boa notícia de que Jesus pagou o nosso pecado, sem mérito algum da nossa parte – é o que nos “ressuscita” para uma vida que vale a pena ser vivida. Aliás, a própria vida é um grande dom de Deus. Nós somos apenas administradores deste bem divino. Precisamos parar de enterrar e viver com alegria e responsabilidade.

Mesmo assim, vai chegar uma hora em que seremos, literalmente, enterrados.

Mas ao contrário do que disse um técnico de futebol esta semana (de que só temia pela morte, porque o resto dá para resolver), a morte tem, sim, solução.

Quando Jesus voltar, todos os que estiverem enterrados vão ressuscitar, uns para a vida, outros para o tormento – céu e inferno, os únicos destinos possíveis. Somente aqueles que desfrutaram da vida em Jesus como Salvador é que serão ressuscitados para uma vida que nunca mais terá enterros pela frente.

E isso não será uma pegadinha do Chiquinho Scarpa que, diga-se, não doou seu Bentley.

Será, ao contrário, a maior doação que poderemos receber: a doação da vida eterna.

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé

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