domingo, 13 de abril de 2014

PISCADINHA DE DEBOCHE x OLHAR DE AMOR

3abr2014---arthur-morgan-iii-pisca-para-os-fotografos-enquanto-e-conduzido-para-a-cadeia-apos-ser-considerado-culpado-pela-morte-da-sua-filha-tierra-morgan-glover-no-tribunal-superior-do-condado-de-1396570626750_956x500Uma piscadinha de deboche.

Foi o que fez Arthur Morgan III, de Nova Jersey, nos EUA, condenado por atirar dentro de um rio a sua filha de 2 anos de idade. A menininha, ainda presa à cadeirinha do carro, foi jogada à água junto com um macaco de trocar pneus, para garantir que afundasse. É de estarrecer: o pai matou a própria filha para se vingar da mãe, que havia rompido o noivado.

Enquanto deixava o tribunal, Morgan olhou para as câmeras e deu uma piscadinha de deboche. Os parentes da vítima caíram em lágrimas ao ver a cena.

A Bíblia relata, não uma piscadinha, mas um olhar que também causou choro.

Jesus estava na casa do sumo sacerdote, Caifás, onde estava sendo interrogado. Era quinta-feira, horas depois de ser traído. Pedro, um dos seus discípulos mais próximos, está no pátio da casa, junto a alguns empregados de Caifás. Três pessoas, ali, “denunciam” que Pedro estivera com Jesus. O resto já sabemos: Pedro, por três vezes, nega conhecer o Mestre (chega a jurar que não!) com o qual convivera e aprendera por cerca de três anos.

Pedro é o típico exemplo da “fé bipolar” que teimamos em carregar. Em um dia estamos superentusiasmados, superanimados, supereufóricos, fazemos mil promessas, nos derretemos de emoção por Jesus; em outro nos esquecemos dele, cedemos à fraqueza e apertamos um “Del”, excluindo da nossa memória e do nosso coração tudo o que Deus já fez por nós.

Pedro foi assim. Ele havia presenciado a água virar vinho, cinco pães e dois peixes alimentarem uma multidão, inúmeras pessoas serem curadas de males do corpo e da alma, Lázaro ressuscitar... Ele vira Jesus curar até mesmo a sua própria sogra!

Mas na hora da fraqueza, Pedro, eu e você somos todos iguais. Precisamos aprender a não confiar tanto no nosso taco, mas no taco de Jesus.

Nós também negamos Jesus. Negamos quando seus preceitos viram “conveniências”, quando as coisas aqui de baixo ocupam tanto nosso tempo e atenção que esquecemos de olhar para cima, quando retaliamos e nos vingamos. Negamos quando dizemos que somos da verdade, mas mentimos; quando dizemos que Deus é amor, mas não perdoamos; quando somos pimenta e neblina, ao invés de “sal e luz”.

Nessas horas, alguém precisa dar uma olhada em nós.

Um olhar que nos comova, transforme e encoraje. Como aconteceu com Pedro.

Depois da negação e do canto do galo, Jesus, próximo o suficiente de Pedro, “voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito” (Lucas 22.61).

No original, esse olhar é “fixar os olhos”.

Só que não foi um olhar de deboche. Antes, foi um olhar de preocupação e de amor. Era como se Jesus dissesse: “Pedro, meu filho, sua fé ainda é muito fraca. Você pensa que é forte, mas precisa muito de mim. Não confie tanto em você, mas busque forças em mim, para levantar quando cair, e para não mais me negar”.

Diante das nossas negações, Jesus também dirige a você e a mim o seu olhar de preocupação e amor.

Talvez, como Pedro, choremos ao lembrar o que fizemos.

Mas o mais importante é que esse olhar nos mude por dentro e nos faça, a exemplo de Pedro, olhar para Jesus com fé, amor e gratidão por toda a vida.

 

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé

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