domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sobre a tragédia em Santa Maria – uma lição

Nova ImagemSofrimento e angustia foi o que sentiram as centenas de famílias que, no domingo, dia 27 de janeiro, perderam seus entes queridos no incêndio em uma boate na cidade de Santa Maria. Um bombeiro que auxiliou na vistoria do local relatou que os celulares não paravam de tocar junto aos mortos e que um dos celulares registrou mais de 100 ligações não atendidas, todos de uma pessoa identificada por ‘mãe’.

O telefone celular do jovem Leonardo Karsburg também deve ter tocado dezenas de vezes naquele dia. Seus amigos e familiares chegaram a postar diverNova Imagem (2)sos apelos nas redes sociais para que alguém enviasse notícias, mas só ao final da tarde veio a confirmação de que ele e sua namorada estavam entre os mortos. Seu Pai, o Sr. Luis Karsburg, relatou-me via e-mail; ‘A Noite, em casa não consegui dormir, tirava alguns cochilos e acordava, apesar de cansado, toda nossa vida passou em minha cabeça como um filme... Então na terça de manhã senti uma vontade enorme de conversar mais uma vez com meu filho’. Mesmo sabendo que Leonardo não iria atender às suas ligações nem ler sua carta, Luis escreveu-lhe; “... Hoje, vocês estão juntos, para sempre, ai em cima, de mãos dadas com Cristo. Pois eu sei o tamanho da fé que tu tinhas e hoje tu sabes porque o velho chato aqui estava sempre falando de Cristo com vocês... Pois é Leonardo... Com a tua simplicidade, lealdade, sinceridade e firmeza de caráter deixaste uma sementinha no coração de cada um de nós...” A carta termina com uma oração; “Senhor, em um dia de inverno de 1992 nos deste um presente... Hoje... me pediste ele de volta. Leva ele contigo, mas me dá força não para superar a saudade, mas para suportar a tristeza. A lembrança dele eu quero carregar junto de mim pelo resto dos meus dias”.

Nova Imagem (1)Impressiona o relato desse Pai pela sua confiança, força e coragem diante de um sofrimento dessa magnitude. A dor da perda e a saudade ainda vão durar, mas o consolo único e verdadeiro esse pai recebeu ao longo de sua vida de fé, confiança e dedicação no ensino de fé ao seu filho. ‘Eu sei o tamanho da fé que tu tinhas...’ expressa uma profunda confiança nas palavras de Cristo que diz; “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25-26). ‘... e hoje tu sabes porque o velho chato aqui estava sempre falando de Cristo com vocês’ demonstra plena certeza de que ele, como Pai, cumpriu com dedicação seu dever sagrado de educar seus filhos na fé, ainda que, com alguma (ou muita) insistência e persistência.

O Salmo 71, escrito por um homem em situação semelhante, diz; “Ó Deus, sê a minha rocha de abrigo e uma fortaleza para me proteger!... A minha vida tem sido um exemplo para muitos porque tu tens sido o meu forte defensor” (vs. 3 e 7). A tragédia de Santa Maria causou sofrimento e angustia a centenas de famílias. No entanto, exemplos como o desse Pai nos servem de inspiração. A vida desse pai é e será exemplo para muitos, não por seus feitos ou santidade, mas porque ele, assim como o salmista reconheceu ‘... tu, (Oh Deus) tem sido o meu forte defensor’. Seu testemunho retrata, de maneira brilhante, uma fé firmada e embasada na firme Esperança em Cristo e, por isso, deve servir de inspiração a todos nós...

Por Elvio Figur

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