sábado, 20 de abril de 2013

AS PEDRADAS DA VIDA

pedrada_cabeza-250x187Levei uma pedrada. Literalmente.

Voltávamos de Jaguariaíva quando, na entrada da nossa cidade, uma pedra foi arremessada contra o nosso carro. Quase que por instinto, olhei para ver se minha esposa e meu filho estavam bem. Tudo certo. Não parei e só em casa fui ver o tamanho do estrago.

Volta e meia, na vida, a gente leva umas pedradas.

É a perda de alguém que amamos. Uma doença inesperada que aparece. O emprego que perdemos. Uma chance que desperdiçamos. Uma briga que nos separa. Um acidente que nos fere. Uma tempestade que atrapalha a colheita. Um terremoto que nos faz perder tudo.

Intencionais ou não, as pedras vão e vêm.

Nosso mundo, banhado em pecado, também borrifa ódio, indiferença, malandragem. Às vezes, nós mesmos somos os autores deste mau orvalho. Em outras nós somos atingidos por ele. E em outras a própria natureza se encarrega de gemer e gritar.

“Como pode um Deus santo permitir tudo isso?”, nos perguntamos, a exemplo dos profetas da Bíblia. Porém, antes de cairmos num cinismo e arrogância para nos autoeximirmos, quem sabe seja uma boa coisa aprender com as pedradas.

Sim, dá para aprender com o susto das pedradas.

No meu caso, aprendi que vou usar outro caminho para voltar para casa. Mas reaprendi, por exemplo, no susto, que pessoas são mais importantes que as coisas. O velho ditado estava certo: “Deus nos deu as pessoas para amar e as coisas para usar. Por que, então, amamos as coisas e usamos as pessoas?” A vida de minha família era extremamente mais importante que estragos materiais.

Reaprendi, no susto da pedrada, que, em todos os momentos, Jesus cuida dos seus. E que, se algo pior me acontecesse, Ele não deixaria de estar comigo. No céu ou na terra, também eu estaria com Ele. Com a vantagem que o cuidado de Jesus é mais amplo: certeza de perdão dos pecados, salvação e vida eterna – tudo isso é mais importante e mais seguro que qualquer coisa deste mundo. Coisas perdem o valor, estragam, apodrecem. E pessoas, cedo ou tarde, também nos deixarão. Jesus, não.

Aliás, foi o próprio Jesus quem nos deu (e demonstrou) uma importante lição referente a pedradas. Ele, Deus e Homem, o único perfeito e habilitado a jogar pedras, não fez isso quando lhe trouxeram a mulher surpreendida em adultério. “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (João 8.7).

O único que poderia apedrejar não o fez. Pelo contrário, na cruz, Jesus nos protegeu das grandes pedras dos nossos próprios pecados, da nossa morte, do poder do inferno.

Volta e meia alguma pedrinha nos pega de raspão, mas nada comparado às pedradas que Jesus tomou para nos deixar a salvo. E nada também que Ele não possa socorrer, tratar e resolver. Elas são, logicamente, uma consequência do pecado que há no mundo, mas também são parte da pedagogia divina.

Ou seja, no fundo, as pedradas da vida nos fazem levantar os olhos ao céu e reconhecer que precisamos de um Salvador. E que nós realmente o temos. Sempre.

Inclusive na hora da pedrada.

P. Julio Jandt - Igreja Evangélica Reformada de Itararé, SP

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