sexta-feira, 1 de novembro de 2013

FÉ INDIVIDUAL x FÉ INDIVIDUALISTA

Mulher orando06pequena“Eu não preciso de igreja; posso ler a Bíblia e orar em casa”.

Desiludidos com as falhas apresentadas por cristãos (e esquecendo das nossas próprias), volta e meia somos tentados a pensar assim.

Meia verdade que, na prática, vira uma mentira completa e, pior, um pecado.

Isto porque há dois equívocos com a afirmação inicial.

O primeiro é o falso conceito de “fé individualista”. Embora a fé seja individual (de cada indivíduo), ela nunca é “individualista” (vivida sozinha).

Convém, então, lembrar o que Deus fala sobre “igreja”. Para Ele, igreja não é um templo, paredes, construções. No Novo Testamento, igreja tem, basicamente, dois sentidos. O primeiro e muito importante é: ela é o conjunto de todos os cristãos no mundo. Todos aqueles que creem em Jesus como seu Salvador, que reconhecem que, sozinhos, estão perdidos e, por isso, colocam sua esperança e confiança na morte e na ressurreição de Jesus – todos estes são “igreja”.

Para nos ajudar a entender, Deus usa algumas metáforas: por exemplo, a igreja é descrita como “rebanho”, um termo que expressa a ideia de coletivo. Rebanho é um conjunto de ovelhas, não uma ovelha sozinha. Nós somos as ovelhas, Jesus é o pastor (João 10). Há ainda outras imagens: a igreja é um “edifício” com muitas pedras, cada crente em Cristo é uma destas pedras, e Jesus é o único alicerce (Efésios 2.19-22); a igreja é ainda uma “lavoura”, “videira”, “família”, “povo” – termos coletivos.

Uma das mais ricas descrições é aquela em que a igreja é descrita como um “corpo”: “Vocês [os que creem em Jesus] são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo” (1 Coríntios 12.27). Para que a palavra “individual” não nos dê uma percepção errada, vale a pena ler o que vem antes: “a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros” (v. 25).

Ou seja, ser igreja é algo coletivo.

Esse aspecto não é, contudo, etéreo, abstrato. Aqui entra o segundo sentido de “igreja”, que aparece pelo menos umas 65 vezes no Novo Testamento: ela é sempre um conjunto de pessoas, uma congregação, uma comunidade, uma reunião de pessoas que creem e confessam sua fé em Jesus.

O “reunir-se” é um aspecto central do ser igreja de Deus. Não é um reunir-se por qualquer motivo, mas respondendo ao chamado de Deus em Sua Palavra.

É claro que nestas reuniões e congregações de pessoas, enquanto estamos aqui neste mundo, haverá falsidade, mentiras, equívocos. Aliás, isto não existe apenas na igreja, mas até na família, no emprego, na escola, no futebol... E ninguém deixa de trabalhar, de estudar ou viver em família por conta dos desarranjos enfrentados. Não deveria ser menos verdade quando se trata de um conjunto de pessoas que, embora confessem sua fé em Jesus, continuam sendo pecadores.

Afinal, se igreja é um termo coletivo, quem sabe poderíamos pensá-la num grande hospital, repleto de gente doente, onde só há um Médico, o Salvador Jesus. E onde um se preocupa com o outro.

Mas isso já envolve o segundo equívoco – o assunto da próxima semana.

P. Julio Jandt

Igreja Evangélica Reformada de Itararé

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