terça-feira, 11 de junho de 2013

Herói ou traidor

777144*Márlon Hüther Antunes

            Para alguns ele é um herói, para outros um grande traidor. Edward Snowden, responsável por revelar o esquema de espionagem digital nos Estados Unidos, divide opiniões de seus compatriotas. Por entregar o próprio governo americano, um grande traidor da própria nação; por revelar um esquema que rouba toda a privacidade das pessoas, seja por telefone, ou internet, onde tudo o que se faz ou se diz fica gravado, é considerado um herói.

            Estamos cercados por heróis e traidores, depende do lado que estamos. Do ponto de vista do Criador, onde somos “monitorados” dia e noite e nada escapa aos olhos de Deus (Jeremias 16.17), é certo dizer que ninguém está livre de um processo, que não há um justo sequer, afinal todos pecaram (Romanos 3.23). O esquema de monitoramento denunciado por Snowden pode apontar aquilo de mais secreto que fazemos e falamos, por isso o denunciante pode ser considerado um herói. Afinal, ninguém gosta de ter sua vida estampada e escancarada pelo que tem feito de mais secreto. Mas aquilo que está feito, dito e registrado já produz seus frutos, benção os maldição – e em muitas delas os próprios traidores somos nós.

            Judas após entregar Jesus para seus perseguidores, achando que seria um herói e que com o suborno – entenda-se com mais dinheiro - seria feliz, logo percebeu que a traição aos seus causou um estrago enorme, afinal sua atitude assinou a sentença de morte de um inocente, o que levou ao desespero. Snowden é visto como um Judas, por entregar o esquema de monitoramento, especialmente segundo o governo americano contra ataques terroristas, onde milhares de “inocentes” morreriam.

            Herói ou traidor, Snowden teve que deixar sua terra e fugir para Hong Kong de onde deu sua última entrevista. Para tudo tem-se um preço, não importa se é herói ou traidor, o que muda é a balança. Traição sem perdão leva a morte, assim Judas desesperado e sem arrependimento tirou sua própria vida. Se temos o que temer ou algo que não pode ser revelado, aquilo que fazemos as escondidas na escuridão,  precisamos voltar à luz onde tudo é revelado e posto as claras: “Eu vim ao mundo como luz para que quem crê em mim não fique na escuridão” (João 12.46). Grampos, provas e gravações podem revelar nosso lado mais sombrio e nos condenar por algo ali registrado, mas que necessariamente não seja uma ação e atitude atual, o que impede o perdão e leva a morte. Mesmo que as consequências de atos infames, do menor ao maior possam nos rondar, no super HD divino, pecado perdoado é apagado definitivamente do banco de dados e nunca mais acessado como prova para condenação(Miquéias 7.19). Pode ser os teus também. Pense nisso!

*É teólogo e pastor da Igreja Luterana em Maceió

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